Agência France-Presse
postado em 26/09/2010 21:05
Caracas - Os venezuelanos votaram maciçamente nas eleições legislativas deste domingo, marcadas por um clima de tranquilidade, informaram as autoridades.
Longas filas persistiam às 18h local (19h30 Brasília), horário previsto para o fechamento das seções eleitorais, que ficarão abertas até receber o último voto.
Os primeiros resultados devem sair antes da meia-noite (01H30 Brasília de domingo).
Mais de 17,5 milhões de venezuelanos escolheram 165 deputados da Assembleia Nacional (Parlamento unicameral), que desde 2005 é dominada de forma quase total pelos partidários do presidente Hugo Chávez.
Tibisay Lucena, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), destacou que a jornada teve "um ambiente de tranquilidade e de civismo", sem maiores incidentes.
O general Henry Rangel, chefe do Comando Estratégico Operacional (CEO) do Exército, confirmou que a votação transcorreu "normalmente" e "nenhum tipo de problema" foi registrado.
Chávez votou em Caracas, festejando a alta participação nas legislativas e acreditando na "voz do povo" para manter sua ampla maioria no Congresso.
"Hoje não é apenas um dia de eleições na Venezuela (...) Este povo está dando uma lição (...) O povo está falando e estou certo de que a voz do povo será ouvida".
Chávez votou no bairro popular 23 de Janeiro, bastião da esquerda venezuelana, acompanhado de duas filhas e de dois netos.
O presidente comemorou a "transparência" e a "eficiência" do sistema eleitoral venezuelano e festejou a participação, que segundo ele superou os 70% do eleitorado.
Chávez lembrou que antes de chegar ao poder, em 1998, a abstenção podia chegar a 80%, já que "os pobres não votavam".
"Aqui o povo não acreditava em política. A revolução bolivariana recuperou um nível alto de credibilidade e o povo está amadurecendo".
Eleito pela primeira vez em 1998 e candidato a um terceiro mandato em 2012, Chávez desafiou hoje a oposição ao convocar um referendo para tirá-lo do poder.
"É estranho que alguns analistas digam que estou balançando e sem apoio popular. Então convoquem um revogatório (...) Busquem as assinaturas no lugar de esperar que Chávez parta em um raio".
A Venezuela é hoje o "epicentro de uma batalha". "Todo nosso processo chama poderosamente a atenção do mundo porque aqui está se desenvolvendo uma verdadeira revolução e um ensaio apaixonante".
Chávez antecipou que o próximo presidente do Brasil, eleito no dia 3 de outubro, "continuará governando pelo mesmo caminho" do líder Luiz Inácio Lula da Silva.
"A coisa vai bem no Brasil. Há bons ventos por lá e faltam apenas alguns dias" para a eleição. "Lula parte da presidência do Brasil com 80% de apoio do povo brasileiro, e quem chega terá igualzinho 80% para continuar governando o Brasil pelo mesmo caminho, criando a união sul-americana e a libertação do nosso povo".
"Na América do Sul acendem as luzes da esperança e não vamos permitir que sejam apagadas por mais impérios, por mais ameaças, por mais lacaios que haja em todos os povos", advertiu o líder venezuelano.