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Colonos judeus voltam a construir após fim da moratória

Agência France-Presse
postado em 27/09/2010 11:07
Os colonos israelenses retomaram nesta segunda-feira (27/9) a construção de moradias em várias colônias da Cisjordânia, depois do fim da moratória de 10 meses que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se negou a prolongar, apesar das pressões internacionais e do risco de afundar as negociações de paz.

O presidente palestino Mahmud Abbas, em visita a Paris, reiterou no domingo que as negociações seriam "uma perda de tempo" se Israel não estendesse a moratória, mas se absteve de anunciar o fim das discussões.

Antes de tomar qualquer decisão, Abbas consultará os governos árabes no dia 4 de outubro, indicou nesta segunda-feira em Paris seu porta-voz, Nabil Aub Rudeina.

A Liga Árabe se reunirá neste dia a pedido da Autoridade Palestina para discutir a continuação das negociações.

Na colônia de Adam, norte da Cisjordânia, as escavadoras aplainavam o terreno onde serão construídas 30 casas, informou a rádio pública israelense, enquanto as obras de outros oito assentamentos em Kiryat Arba, vizinha à cidade de Hebron, no sul, devem começar a qualquer momento.

Netanyahu não prolongou a suspensão da colonização, apesar das pressões internacionais e da ameaça da Autoridade Palestina de suspender as negociações diretas de paz retomadas no dia 2 de setembro.

O premier israelense, no entanto, fez um apelo aos colonos para que atuem com "responsabilidade", e pediu a seus ministros que mantenham uma atitude discreta para evitar que Israel seja apontado como sabotador do processo de paz.

Netanyahu se dirigiu ao presidente Abbas, pedindo que seguisse adiante com as negociações mesmo depois do fim da moratória, que terminou às 22h00 GMT (19h00 de Brasília) de domingo.

"Faço um apelo ao presidente Abbas para que siga adiante com as negociações boas e honestas, para tentar chegar a um acordo de paz histórico entre os dois povos", afirmou Netanyahu em um comunicado, publicado após o fim da moratória.

Netanayahu também conversou a respeito do assunto com autoridades americanas, como a secretária de Estado Hillary Clinton, com o presidente egípcio Hosni Mubarak e com o rei da Jordânia Abdullah II, indicou o comunicado.

Segundo a imprensa israelense, a busca por uma fórmula de compromisso deve continuar nos próximos dias.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, lamentou nesta segunda-feira que Israel não tenha prolongado a moratória, em uma entrevista coletiva conjunta em Paris com o presidente da Autoridade Palestina.

"Lamentamos que os pedidos unânimes para prolongar a moratória israelense sobre a colonização não tenham sido ouvidos. Lamento", afirmou Sarkozy após um almoço com Abbas no Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.

"Devia ser mantida para dar todas as possibilidades à negociação. E falo diante do presidente Abbas: a colonização deve cessar", afirmou Sarkozy antes de citar a "preocupação com o processo iniciado em 2 de setembro".

Segundo ele, o processo pode ser interrompido no caso de falta de mobilização.

Nicolas Sarkozy disse que levou em consideração as declarações do primeiro-ministro israelense, que pediu moderação aos colonos, mas as considerou "insuficientes".

Khaled Mechaal, líder no exílio do Hamas, grupo radical islâmico que controla a Faixa de Gaza, pediu a Abbas nesta segunda-feira que encerre as negociações com Israel.

"Peço a meus irmãos da Autoridade Palestina, que haviam declarado que não retomariam as conversações com o inimigo se este prosseguisse com a colonização, que cumpram sua promessa", declarou Mechaal em Damasco.

"Negociar sem estar em uma posição de força é absurdo", destacou.

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