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Militares americanos que mataram por esporte no Afeganistão são examinados

Agência France-Presse
postado em 27/09/2010 12:44
Os expedientes de cinco soldados americanos acusados de matar civis por diversão e, em alguns casos, de ter desmembrado os corpos e conservado os ossos usados em fotografias, começam a ser examinados nesta segunda-feira pelo Exército americano.

As audiências preliminares, que devem durar várias semanas na base de Lewis-McChord, no estado de Washington, devem determinar se há elementos suficientes para realizar um processo num tribunal militar.

O assunto é potencialmente explosivo para o exército americano, que se esforça para ganhar a confiança da população afegã, em particular na província de Kandahar - reduto dos talibãs -, reduto dos talibãs -, onde os fatos teriam ocorrido há vários meses.

A audiência desta segunda-feira (27/9) trata do caso do soldado Jeremy Morlock, de 22 anos e originário de Wasilla (Alasca). É um dos cinco militares acusados de assassinatos com premeditação de três afegãos entre janeiro e maio passados, enquanto outros sete são acusados de obstruir uma investigação do caso.

Os soldados serviam em uma base da província de Kandahar (sul do Afeganistão) e faziam parte da 5a. brigada de combate Stryker da segunda divisão de infantaria americana.

Morlock e outros soldados também são acusados de ter surrado um de seus companheiros, para obstruir uma investigação sobre o consumo de haxixe dentro do grupo.

Segundo o expediente da parte acusadora, Morlock "ameaçou matá-lo se mencionasse o uso de haxixe e mostrou dedos extraídos de um cadáver".

Funcionários informaram em maio à AFP que o soldado que havia denunciado os fatos a sua hierarquia foi severamente surrado, quase até a morte.

Os motivos e detalhes em torno dos assassinatos continuam muito imprecisos e as autoridades militares são alvo de acusações segundo as quais estas teriam sido advertidas por tais atrocidades, mas que demoraram a reagir.

O pai de Adam Winfield, um dos acusados de assassinato, declarou à imprensa americana que seu filho chegou a alertar, através do Facebook, que sua unidade havia matado um civil afegão sem qualquer motivo e pretendiam reincidir. O pai, Christopher Winfield, também afirmou ter avisado as autoridades militares e um parlamentar da Flórida a respeito.

As autoridades acusam outro soldado, Michael Gagnon, de ter conservado o crânio de um cadáver; e acusam um terceiro, Corey Moore, de ter esfaqueado um dos corpos e vários militares de tirar fotos de suas vítimas.

As acusações não foram provadas, mas são graves, declarou o porta-voz do Pentágono, Geoff Morrell. No dia 19 passado, o jornal The Washington Post divulgou documentos do exército e entrevistas com pessoas envolvidas neste caso.

A publicação informou que a brincadeira macabra dos soldados teria começado no último inverno, quando um afegão se aproximou de um soldado na localidade de La Mohammed Kalay.

À medida que o homem se aproximava, o soldado criou tumulto para dar a impressão que estava sob ataque. Seus companheiros abriram fogo e mataram o afegão.

De acordo com o Post, o ataque não provocado aconteceu em 15 de janeiro passado e foi o início de uma série de fatos parecidos, que constituem uma das piores acusações já feitas contra os soldados americanos desde a invasão do país em 2001.

Segundo a publicação, as mortes em questão teriam sido cometidas puramente por esporte por parte de soldados alcoolizados e drogados. Os soldados envolvidos negam todas as acusações, acrescenta o jornal.

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