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Divergências entre EUA e UE sobre ataque israelense a frota humanitária

Agência France-Presse
postado em 28/09/2010 10:12
Os Estados Unidos e a União Europeia não se entendiam nesta terça-feira (28/9) sobre a missão de investigação do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, que concluiu ter havido "violação grave dos direitos humanos" quando, no fim de maio, a Marinha israelense atacou uma frota que se dirigia para a Faixa de Gaza, matando nove pessoas.

"Estamos preocupados com o tom, com as coisas que estão sendo ditas e com as conclusões do relatório", afirmou a representante americana, Eileen Chamberlain Donahoe, diante dos 47 membros do Conselho.

O informe da missão investigativa, publicado na última sexta-feira, concluiu que existem "provas" para "apoiar um processo" contra Israel.

Na madrugada do dia 31 de maio de 2010, comandos israelenses atacaram um comboio de seis embarcações que iam para Gaza. Nove pessoas morreram, provocando uma onda de indignação internacional.

Na segunda-feira, a Organização da Conferência Islâmica (OIC) apresentou uma resolução perante o Conselho dos Direitos Humanos da ONU, pedindo "a aprovação das conclusões" da missão de investigação e a "recomendação à Assembleia Geral (da ONU) de que leve em consideração o informe".

A representante americana disse que essas propostas não devem ser consideradas, pedindo que o relatório não seja usado para empreender ações que possam perturbar as negociações em curso" entre israelenses e palestinos, que foram retomadas no começo de setembro sob os auspícios de Washington.

A UE, por sua vez, sugeriu que o Conselho dos Direitos Humanos "transmita o informe ao Painel".

A representante do bloco pediu que Israel "coopere plenamente" com o painel.

"Há provas claras que permitem iniciar um processo pelos seguintes crimes (...): homicídio intencional, tortura ou tratamentos desumanos, intenção de causar graves sofrimentos ou graves ferimentos", indicaram os especialistas em seu relatório final.

"Os autores dos crimes mais graves, por terem agido mascarados, não podem ser identificados sem a ajuda das autoridades israelenses", destacam, pedindo ao governo de Israel que coopere para permitir sua "identificação para processar os culpados".

No dia 2 de junho, o Conselho de Direitos Humanos havia votado uma resolução aprovando a criação de uma comissão internacional independente destinada a examinar "os graves ataques efetuados pelas forças israelenses contra o comboio humanitário de barcos".

As provas são "tendenciosas e parciais", afirmou Israel. "Como se pode esperar de um país democrático, Israel esteve e está investigando os acontecimentos relativos à flotilha", informou uma declaração do ministério israelense de Relações Exteriores, divulgada nesta quarta-feira à noite.

O Conselho dos Direitos Humanos da ONU sempre rejeitou a ideia de uma dupla investigação. A do Conselho "se concentrará nas questões dos Direitos Humanos", afirmou o presidente, o embaixador da Tailândia Sihasak Phuangketkeow.

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