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Jean-Charles Brisard: "A Europa sempre tem sido alvo para a Al-Qaeda"

postado em 04/10/2010 08:00
O francês Jean-Charles Brisard, expert em terrorismo e advogado das famílias das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, afirma ao Correio que a receita para reduzir o risco de um ataque à Europa inclui a persistente guerra contra o Talibã e a rede Al-Qaeda na Ásia e a condenação a intelectuais muçulmanos e clérigos radicais adeptos da violência. Brisard admite que a Europa sempre tem sido um alvo para a Al-Qaeda, principalmente por seu engajamento na guerra antiterror.

De acordo com o alerta do Departamento de Estado norte-americano, a Al-Qaeda continua a planejar ataques contra a Europa. Por que o continente está se tornando um alvo em potencial para a Al-Qaeda?
A Europa sempre tem sido um alvo para a Al-Qaeda. Por causa de seu engajamento político contra o terrorismo e sua política contra o extremismo. O que é novo são ameaças específicas de afiliados da Al-Qaeda no Norte da África (a Al-Qaeda no Magreb Islâmico), recebidas em agosto e em setembro, além de inteligência específica relacionada a um ataque do estilo do cometido em Mumbai -- que ocorreria no Reino Unido, na França e na Alemanha. Mas a ameaça sempre esteve lá. Pelo menos cinco complôs avançados têm sido descobertos todo o ano na Europa, desde 2001.

Que tipo de ataque os países europeus podem sofrer?
A Europa pode sofrer ataques internos e externos. Os ataques internos viriam de terroristas domésticos, radicalizados no continente e cidadãos instruídos na Europa, ou de cidadãos europeus que viajaram para zonas de combate (Afeganistão, Paquistão, Iraque ou Somália), treinados e que desejam exportar a jihad (guerra santa) para seus países. O risco externo ver de um comando que poderia ser enviado do Paquistão, do Oriente Médio ou do norte da África para alvejar cidades europeias. Os complôs descobertos durante os últimos cinco anos sugerem que o risco pode vir de atentados à bomba tradicionais, de complôs químicos ou de atentados no estilo de Mumbai.

Há algo que os governos europeus podem fazer para reduzir a ameaça?
Para diminuir essa ameaça, precisamos continuar nossa ofensiva contra o eixo central do Talibã e da Al-Qaeda na fronteira entre Afeganistão e Paquistão, e alvejar grupos especídficos (tais como ataques coordenados da Mauritânia e da França contra a Al-Qaeda no Magreb Islâmico). Também precisamos manter-nos firmes contra clérigos religiosos e intelectuais muçulmanos radicais que incitam a violência e a jihad em nossos países. Nós finalmente precisamos de um conhecimento comum sobre a ameaça na Europa, com mais cooperação.

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