Mundo

Chávez acelera "revolução agrária" com desapropriações

Agência France-Presse
postado em 05/10/2010 16:07
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Chávez acelera "revolução agrária" com desapropriações

Agência France-Presse
postado em 05/10/2010 16:07
Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, lançou uma nova operação para aumentar a produção de alimentos na Venezuela e anunciou confiscos de terras, bem como a desapropriação de uma grande empresa agrícola, medidas que, segundo a oposição, gerarão mais escassez e dependência das importações.

Dez dias depois das eleições legislativas, nas quais o partido da situação perdeu a hegemonia da Assembleia Nacional, o Estado venezuelano retomou a luta contra "o latifúndio" e "a especulação".

E fez isso anunciando o "resgate", durante o mês de outubro, de 250 mil hectares de terras supostamente improdutivas e a desapropriação da empresa Agroisleña, uma peça fundamental na engrenagem do setor agrícola, cuja "aquisição forçada" foi publicada nesta terça-feira (5/10) no Diário Oficial.

Desde 1999, quando Chávez chegou ao poder, o país assumiu o controle de três milhões de hectares e fazendas emblemáticas da Venezuela que representam 30 milhões de hectares cultiváveis. Além disso, nos últimos meses nacionalizou várias empresas alimentícias e companhias distribuidoras de alimentos.

"Vamos acelerar a revolução agrária, que não restem latifúndios nesta pátria", pediu o chefe de Estado.

Segundo o governo, a Agroisleña, criada por imigrantes espanhóis há mais de meio século, especulava na venda de fertilizantes, encarecendo enormemente os preços dos produtos.

O presidente garantiu que se pagará aos donos um preço justo pela empresa e serão preservados os postos de trabalho que, segundo números da companhia, somam 2,5 mil empregos diretos e mais de 20 mil indiretos.

Para a oposição, trata-se de uma nova investida contra o setor privado que não suprirá a falta de alimentos no país.

José Manuel González, deputado eleito e ex-presidente da Confederação Nacional de Associações de Produtores Agropecuários (Fedeagro), considera que a política de desapropriações do governo não está dando resultados, tendo em vista que a superfície cultivada do país caiu 22% só em 2010, a produção agrícola diminuiu e as importações aumentaram.

Nos últimos meses, o governo nacionalizou empresas de produção de leite, café, açúcar e cereais e, graças à estatização dos supermercados Exito, pertencentes ao grupo francês Casino, criou a rede de abastecimento socialista Bicentenario.

Em junho, a Assembleia Nacional (Parlamento unicameral) venezuelana aprovou, ainda, a reforma da Lei de Terras, que condena o latifúndio e concede ao Estado um papel "determinante" na produção e distribuição de alimentos e produtos agrícolas.

A agricultura representa cerca de 5% do Produto Interno Bruto venezuelano. No entanto, os números oficiais sobre o setor se misturam desde 2007 com os de restaurantes e hotéis, o que dificulta fazer um cálculo preciso.

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