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Correa diz que tentativa de golpe ainda não acabou e alerta para atentado

Agência France-Presse
postado em 06/10/2010 16:03
Quito - A tentativa de golpe de Estado da última quinta-feira no Equador não terminou, afirmou nesta quarta-feira (6/10) o presidente Rafael Correa, que alertou para um possível atentado, inclusive por parte das fileiras policiais.

"Para nós o golpe não acabou, continua, e é preciso ter cuidado e devemos nos preparar para o resto", afirmou Correa num encontro com a imprensa estrangeira. "Vai ser muito difícil no futuro garantir que uma situação, talvez não dessa magnitude, mas um atentado pode acontecer", acrescentou, sem dizer se esse ataque será com ele.

Correa denunciou que os rebelados atiraram contra uma ambulância que levava militares feridos - que participaram no resgate do presidente no hospital em que ficou retido - e que tentaram executar dois soldados que se salvaram fingindo-se de mortos.

"Com gente assim solta é impossível dizer que, no futuro, não se poderá esperar algum incidente. Será preciso detectar esta gente, mas será muito difícil detectar a todos, e enquanto existir essa gente nas fileiras policiais, vai ser muito difícil não haver um ato violento ou um excesso policial no futuro", alertou.

A Procuradoria do Equador ordenou a prisão de 46 policiais suspeitos de participar na rebelião policial, informou nesta quarta-feira o ministro do Interior, Gustavo Jalkh.

Jalkh também assinalou que foram tomadas medidas preventivas como a retirada de armas dos policiais que foram registrados em vídeo na sublevação ocorrida na última quinta-feira e que deixou 10 mortos e 274 feridos.

Segundo ele, as sanções administrativas poderão resultar na baixa dos policiais.

Na véspera, as autoridades do Equador anunciaram a prisão de um major do Exército ligado ao ex-presidente Lucio Gutiérrez e acusado de incentivar a revolta policial.

Fidel Araujo, major da reserva do Exército, foi detido por agentes da polícia judicial em Quito, disse à AFP uma fonte da Promotoria.

Correa denunciou Araujo, militante do partido Sociedade Patriótica (SP), por coordenar ações durante a revolta policial, que deixou 10 mortos e 274 feridos.

O presidente mostrou imagens de Araujo falando ao celular em um regimento de Quito onde o presidente foi agredido quando tentava aplacar o motim policial.

Araujo, ex-dirigente regional do SP, nega as acusações de Correa e afirma que ocorreu um "equívoco".

O major Araujo é a quarta pessoa detida pela suposta participação na revolta, após a prisão de três coronéis da polícia, libertados posteriormente.

A revolta foi deflagrada pela aplicação da lei que eliminou benefícios salariais para policiais e militares.

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