postado em 07/10/2010 08:00
O presidente do Equador, , garantiu ontem que a situação política do país está sob controle e que a curto prazo não planeja dissolver a Assembleia Nacional e legislar por decreto, mas a medida ; conhecida no país por ;morte cruzada; ; continua sobre a mesa. ;Não vemos de imediato necessidade alguma de ;morte cruzada;;, disse Correa. No mesmo dia, a Promotoria de Pichincha pediu a prisão de 58 pessoas que estariam envolvidas na rebelião policial da semana passada, que o governo acusou de tentativa de golpe.No fim da tarde, em telefonema ao colega Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente equatoriano agradeceu pelo rápido apoio do governo brasileiro.
Segundo a promotoria, os acusados Fidel Araujo, um major do Exército, e Pablo Guerrero teriam vínculos com o partido Sociedade Patriótica, do ex-presidente Lucio Gutiérrez. Ao ser notificado por quatro policiais, Araujo destacou que estava ;com a consciência tranquila; e que confiava que a Justiça respeitaria seus direitos. Na terça-feira, Correa prorrogou até sexta-feira o estado de emergência e apontou Gutiérrez como mentor da crise. Falando à imprensa estrangeira, em Quito, o presidente acusou o antecessor pela ;tentativa golpista; e disse que era ;evidente; que Gutiérrez está implicado na rebelião policial. ;Aqui o que se revelou é a contrarrevolução que sempre tivemos;, disse. ;Existe um núcleo ideológico muito forte (de direita), sem limites nem escrúpulos, com claros contatos políticos, que não duvida em matar, sequestrar, torturar, que pretende com as armas continuar impondo a sua vontade;, completou.
Na mesma entrevista, Correa afirmou que o governo não planeja alterar a política econômica em vista dos distúrbios da semana passada. Por outro lado, o ministro de Relações Trabalhistas, Richard Espinoza, e o da Defesa, Javier Ponce, esclareceram aos meios locais que, apesar da eliminação de bônus e gratificações para policiais e militares, com a entrada em vigor da Lei de Serviço Público, os benefícios serão incorporados aos salários. ;(O objetivo) é tornar transparentes os rendimentos;, destacou Espinoza. A medida entra em vigor neste mês.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, demonstrou ontem sua preocupação com o que ocorreu no Equador e destacou que a América Latina deve ficar alerta depois da ;tentativa de golpe de Estado; no país. Em sessão extraordinária da OEA, Insulza afirmou que as autoridades do continente acreditavam que o golpe que depôs Manuel Zelaya, em Honduras, em junho de 2009, tinha sido uma exceção à estabilidade democrática. ;Tentou-se outra vez. É possível que, se não tivermos cuidado, possa ocorrer novamente;, disse Insulza. ;Em nosso continente, ainda existem aqueles que, apesar de serem minoria, estão dispostos a agir e a aproveitar qualquer conjuntura para provocar a desestabilização.;
REATAMENTO COM A COLÔMBIA
O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou ontem que confia no reatamento pleno das relações diplomáticas com a Colômbia, rompidas em março de 2008. ;Praticamente estão normalizadas, e Deus queira que antes do fim do ano, ou em princípios do próximo, já possamos normalizá-las totalmente;, disse Correa à rádio colombiana RCN. O governo de Quito anunciou o rompimento depois que militares colombianos bombardearam um acampamento da Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em território equatoriano. Desde 7 de agosto, quando Juan Manuel Sabtos assumiu a Presidência da Colômbia, os dois governos tentam a reaproximação.