Agência France-Presse
postado em 07/10/2010 09:28
Budapeste - O fluxo tóxico provocado por um vazamento de lama vermelha na Hungria atingiu nesta quinta-feira (7/10) o Danúbio, depois de ter afetado todo o ecossistema de um pequeno rio situado próximo à usina, onde ocorreu o acidente industrial que deixou quatro mortos.De acordo com as últimas medições efetuadas pelos Serviços de fornecimento de água, a taxa alcalina na confluência do rio Raab com o Danúbio aumentou por volta de 10h GMT (7h de Brasília), para 9,4 contra nove durante a manhã. A taxa normal é de oito.
Os especialistas consideram que a catástrofe ecológica pode se espalhar pelo Danúbio, segundo maior rio da Europa depois do Volga. O fluxo tóxico passou do Raab para o Danúbio pouco depois das 6h30 GMT (3h30 de Brasília), em Gy;r.
No rio Marcal, situado nas imediações do local onde ocorreu o acidente, a situação é catastrófica. "O ecossistema completo do rio Marcal foi destruído, porque a taxa alcalina muito elevada matou tudo", declarou o chefe regional dos serviços de combate a catástrofes Tibor Dobson à agência de notícias nacional MTI.
"O Marcal recebeu sua ;pena de morte; quando a lama vermelha foi despejada nele pelo rio Torna", acrescentou.
Após um desastre como esse, a vida apenas poderá renascer em três ou cinco anos no rio, estimou Gabor Figeczky, diretor da organização de defesa da natureza WWF em Budapeste, que ainda considera difícil medir a amplitude da catástrofe ecológica.
"Acreditávamos que o volume d;água do Raab diluiria a poluição, mas, infelizmente, esse não foi o caso", explicou em uma entrevista à AFP. "Esperamos pelos menos que o principal afluente do Danúbio não vá ser muito afetado", graças ao volume d;água muito maior, acrescentou. Será preciso aguardar o resultado das análises à noite ou, no mais tardar, amanhã, disse.
Na última segunda-feira, o reservatório de uma usina de bauxita-alumínio da cidade de Ajka (160km a oeste de Budapeste) rompeu, despejando mais de um milhão de metros cúbicos de lama vermelha tóxica em sete localidades.
O acidente, cujas causas ainda não foram elucidadas, deixou quatro mortos, entre eles uma menina de 14 meses, e mais de 150 feridos, segundo um novo registro oficial. Três pessoas permanecem desaparecidas.
Ao longo do percurso por meio de vários rios, a lama vermelha aos poucos vai se diluindo na água e não é mais visível a olho nu. E isso se deve em parte ao despejo de agentes neutralizantes nos rios, principalmente de toneladas de gesso pelos bombeiros.
Os trabalhos de neutralização da poluição foram mantidos nesta quinta-feira. Além do gesso, ácidos são utilizados para reduzir o nível de toxicidade da água.
O primeiro-ministro, Viktor Orban, visitou nesta quinta-feira de manhã o povoado de Kolontar, de onde eram as quatro pessoas mortas. O país não precisa de recursos externos para combater os efeitos da catástrofe ecológica, mas toda a ajuda especializada é bem-vinda, declarou.
A reconstrução das áreas mais devastadas do povoado de Kolontar é muito difícil, considerou Orban.
"Infelizmente, tenho a impressão de que qualquer esforço de reconstrução aqui, além do ponto, é inútil", declarou. "Será preciso provavelmente abrir um novo território para os moradores do povoado e eliminar esta parte do povoado para sempre, porque é impossível viver aqui", acrescentou.