Agência France-Presse
postado em 07/10/2010 18:38
Quito - Uma semana após a revolta policial no Equador, denunciada pelo presidente Rafael Correa como uma tentativa de golpe de Estado, teve início o processo contra 13 policiais e um político acusados de liderar o movimento.Uma juíza decretou hoje a prisão preventiva de 13 policiais e do militar da reserva e político Fidel Araujo, ligado ao ex-presidente Lucio Gutiérrez, que Correa acusa de ser o cabeça da revolta, que deixou dez mortos e 274 feridos.
Durante a audiência de formulação das acusações, a juíza decidiu relaxar a prisão preventiva contra outros 20 policiais, revelou a promotoria. Onze policiais com prisão preventiva decretada estão foragidos.
Os 13 agentes e Araujo permanecerão detidos durante os três meses da fase de instrução, explicou à AFP o promotor Marco Freire.
A revolta foi provocada por uma lei que reduziu benefícios salariais de policiais e militares. Durante o movimento, Correa foi retido em um hospital durante várias horas, até ser resgatado por tropas leais ao governo.
Correa, no poder desde 2007 e reeleito até 2013, afirma que membros da oposição aproveitaram o movimento dos policiais para tentar derrubá-lo, especialmente o ex-presidente Gutiérrez.
Gravações da central de rádio da Polícia revelam que membros da força instigaram outros agentes a matar Correa quando o presidente estava cercado no hospital.
A revolta foi apoiada diretamente pela congressista indígena Lourdes Tibán e pelo político Carlos Vera - que promove um referendo para tirar o mandato de Correa -, e o legislador Gilmar Gutiérrez, irmão de Lucio Gutiérrez, pediu anistia para os policiais rebeldes durante o movimento.
Em um ambiente carregado, o Legislativo equatoriano, controlado por Correa, retomou as sessões nesta quinta-feira (7/10), após ser ocupado por policiais durante a rebelião.
O chanceler Ricardo Patiño reafirmou a denúncia de Correa sobre a existência de um suposto esquadrão paramilitar chamado Grupo Armado Policial (GAP), que teria articulado a rebelião.
"Há um grupo chamado GAP e, aparentemente, estão se formando outros grupos paramilitares; isto seria terrível para a segurança da sociedade equatoriana", declarou o ministro à TV estatal.
Patiño advertiu para os riscos que a democracia corre na América Latina e lembrou do alerta do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre tentativas de golpe na região como a que Correa enfrentou.