postado em 09/10/2010 08:00
Um mês. Esse foi o prazo acordado entre os países árabes para que os Estados Unidos consigam convencer Israel a suspender novamente as construções nos assentamentos judaicos, antes que os palestinos abandonem de vez as negociações. Contudo, até lá, as conversas deverão voltar a ocorrer apenas com um mediador. Reunidos em Syrta, na Líbia, representantes da Liga Árabe apoiaram a postura da Autoridade Palestina (AP) de só continuar o diálogo com o governo de Benjamin Netanyahu se for retomado o congelamento nas colônias. O secretário-geral da organização, Amr Musa, chegou a afirmar que as circunstâncias atuais são ;negativas e pouco favoráveis; para manter conversações com os israelenses.
O debate entre os altos representantes de países árabes ocorreu a portas fechadas, mas um diplomata presente revelou a decisão de ;conceder a oportunidade de um mês à administração (norte-americana) para tentar obter a retomada das negociações, principalmente mediante a suspensão da colonização israelense;. A resolução assinada no fim do encontro prevê ainda uma nova reunião do Comitê de Acompanhamento, ao fim desse prazo, para examinar ;alternativas políticas; caso fracassem os esforços diplomáticos.
Neste mês, os palestinos vão se manter na retaguarda e alguns países árabes sugeriram que as conversas retrocedam a um diálogo indireto, com mediação de Washington. A falta de confiança da Liga Árabe no sucesso das negociações, contudo, foi verbalizada pelo máximo representante do fórum. ;Não haverá conversa no momento, porque a posição dos israelenses é muito, muito negativa. Eles não estão cooperando com as negociações;, resumiu Musa.
Hoje, durante a cúpula extraordinária dos líderes árabes, também em Syrta, o futuro do diálogo continuará sendo um dos temas principais nas discussões. Washington resolveu esperar um ;anúncio oficial; dos países árabes, durante o fim de semana, antes de se pronunciar sobre a decisão. ;Nosso objetivo principal permanece o mesmo, e esperamos que esse encontro apoie as negociações diretas;, disse o porta-voz do Departamento de Estado Mark Toner. Durante a última semana, a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o enviado do presidente Barack Obama para o Oriente Médio, George Mitchell, telefonaram para vários líderes árabes para interceder em favor da manutenção do diálogo.
Renúncia
Diante do impasse sobre as construções nos assentamentos, o presidente da AP, Mahmud Abbas, teria ameaçado, em conversa com Mitchell, deixar o seu cargo caso Israel não decrete uma nova moratória. Segundo o jornal israelense Haaretz, a saída de Abbas levaria ao desmantelamento da Autoridade Palestina, já que nenhuma eleição seria convocada e o posto não seria ocupado por outro membro do Fatah, partido nacionalista que controla a AP e rivaliza com o movimento islâmico Hamas, contrário ao processo de paz. Caso o vazio de poder na AP se confirme, a administração da Cisjordânia poderia retornar ao comando de Israel ou ficar diretamente a cargo das Nações Unidas.
Ontem, em Hebron, na Cisjordânia, soldados israelenses mataram dois integrantes da facção armada do Hamas. De acordo com os serviços de segurança israelenses, eles foram atingidos por disparos durante ataque do exército contra um prédio de três andares, situado em um setor da cidade sob controle de Israel.
"Não haverá conversa no momento, porque a posição dos israelenses é muito, muito negativa"
Amr Musa, secretário-geral da Liga Árabe
Amr Musa, secretário-geral da Liga Árabe
"Nosso objetivo principal permanece o mesmo, e esperamos que esse encontro apoie as negociações diretas"
Mark Toner, porta-voz do Departamento de Estado
Mark Toner, porta-voz do Departamento de Estado