Mina San José - O acampamento Esperança está em festa. Uma profusão de buzinas, abraços e gritos de alegria denuncia a chegada do que mais se pediu ali nos últimos dois meses: a notícia de que uma das perfuradoras - agora apelidada de ;A Milagrosa; - terminou o túnel por onde os trabalhadores presos na mina de San José, no norte do Chile, serão resgatados.
"Chi-chi-chi...le-le-le", cantam os familiares dos mineiros, que exultam entre o riso e o pranto.
"É muito forte. Eles estão ali, e já estão quase fora. É muito emocionante", diz à AFP Nelly Burgueño, mãe de Victor Zamora, um dos 33 mineiros presos desde 5 de agosto sob a terra do deserto do Atacama.
Jéssica, a jovem esposa de Zamora, não consegue parar de chorar.
Ela está grávida de uma menina, e as amigas tentam animá-la: "olha que lindo presente você ganhou da sua bebê. Ela te dará força, as mulheres são mais fortes".
Ao lado está o pai do mineiro Carlos Barrios, que caminha de um lado a outro. "Estou muito nervoso. Não posso dizer nada agora", murmura, afastando-se.
Muitos trocam fortes abraços. "Foram tantos e tantos dias de sofrimento e espera", explicam.
Finalmente, neste sábado (9/10), a perfuradora Schramm T-130 alcançou o objetivo de 622m. "A emoção é muito grande. Isso ainda não terminou, mas esse dia está chegando e já sabemos que será logo", afirma Wilson Avalos, tio dos irmãos Florencio e Samuel Avalos.
A alegria está em todos os cantos do acampamento, montado e ampliado ao longo dos últimos 65 dias como um povoado improvisado, com escola, refeitório e barracas, em meio a rochas, pedras e uma areia fina que entra por todos os poros. Os ocupantes o organizaram para poder acompanhar de perto os trabalhos de resgate.
"Imagino o que meu irmão deve estar sentindo lá dentro", comenta, emocionado, Gastón Enríquez, irmão do mineiro José Enríquez.
"Estou muito feliz", comemora Rosa Rivera, uma das cozinheiras que trabalha no acampamento Esperança. Ao longo de dois meses, ela diz ter ficado amiga de muitos dos familiares para quem cozinha.
"Estamos muito felizes, porque sofremos muito nesses dois meses. Agora esperamos que eles saiam logo, para podermos abraçá-los e levá-los para casa", suspira Wilson Ávalos.
Alguns comentam que o sentimento deste sábado se assemelha à alegria compartilhada 17 dias depois do acidente, quando o mundo soube que os 33 mineiros estavam vivos e bem, a 700m de profundidade.