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Povoado é evacuado por risco de novo vazamento de lama tóxica na Hungria

Agência France-Presse
postado em 09/10/2010 15:45
Budapeste - Os 800 habitantes do pequeno povoado de Kolontar, próximo à fábrica de bauxita-alumínio que causou um catastrófico vazamento de lama tóxica há cinco dias, foram retirados às pressas neste sábado (9/10), depois de encontrada outra fissura no dique que retém os resíduos. As autoridades temem que haja um novo vazamento.

A rachadura poderia levar a uma "provável" segunda inundação da lama vermelha altamente tóxica, que matou sete pessoas e deixou 150 feridos no pior desastre ambiental da Europa em 30 anos, advertiu o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban.

As autoridade húngaras ordenaram a evacuação completa do povoado de Kolontar, e já se preparam, caso seja necessário, para fazer o mesmo com a pequena localidade vizinha de Devecser, de 5,4 mil habitantes, indicou à AFP Tibor Dobson, chefe do serviço de prevenção de catástrofes.

"Estamos preparados para evitar o pior, e podemos salvar os moradores de Devecser em caso de novo vazamento", disse Orban em Ajka, para onde foi levada a população de Kolontar.

"A evacuação de Kolontar foi necessária, pois uma nova inundação pode derramar mais 500 mil metros cúbicos de lama vermelha sobre a cidade", afirmou.

O chefe do governo também mencionou as consequências jurídicas para os responsáveis pela catástrofe ambiental, a pior da história da Hungria.

Orban disse que um fundo de ajuda será criado para auxiliar as vítimas, e que para isso recorrerá ao político americano de origem húngara George Pataki.

Os habitantes de Kolontar poderão optar, explicou, entre instalar-se em outras cidades ou em casas que seriam construídas em outra parte do povoado.

Enquanto isso, o depósito número 10 da usina de bauxita-alumínio de Ajka, 160km a oeste de Budapeste, ameaçava entrar em colapso devido a uma nova fissura no dique.

"A evacuação de Kolontar foi iniciada às 6h (3h de Brasília), depois de constatarmos a fragilização do dique do depósito número 10", explicou Dobson.

Para proteger Kolontar, especialistas sugeriram a construção de uma nova represa com terra e pedras. Ela mediria entre 4m e 5m de altura por 400m de comprimento, cortando o povoado em dois para que as casas que se salvaram do primeiro vazamento não sejam afetadas caso o dique se rompa.

A construção da represa começou neste sábado, e a previsão é de que fique pronta dentro de 48 horas.

As amostras de água obtidas nessa sexta-feira no rio Danúbio, um dos mais importantes da Europa, revelaram uma redução no nível de contaminação, com níveis de alcalinidade próximos ao normal.

Na tarde deste sábado, o serviço de abastecimento de águas confirmou a tendência com um nível de pH inferior a 8,3 no rio Marcal, um dos atingidos pelos poluentes, contra os 8,5 aferidos anteriormente, em uma escala de 14 cujo patamar normal é oito.

Para as organizações ecologistas Greenpeace e WWF, no entanto, a ameaça é real.

Os países cortados pelo curso do Danúbio ao sul da Hungria, em particular Eslováquia, Sérvia e Romênia, monitoram regularmente a qualidade da água do rio desde a última terça-feira.

Em 4 de outubro, uma enxurrada de lama vermelha extremamente tóxica que escapou de um dos depósitos da usina, explorada pelo grupo húngaro MAL, inundou uma superfície de 40 km;, destruindo o ecossistema dos rios Torna e Marcal, chegando até o Raab, afluente do Danúbio, e atingindo o próprio.

Segundo as últimas estimativas dos especialistas, entre 600 mil e 700 mil metros cúbicos de lama tóxica foram derramados, pouco menos que a quantidade de petróleo que vazou na maré negra que atingiu o Golfo do México depois do acidente com uma plataforma de petróleo.

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