Agência France-Presse
postado em 10/10/2010 16:27
Um gigantesco desfile militar na Coreia do Norte, o mais imponente nos últimos anos, permitiu neste domingo (10/10) apresentar ao povo e ao mundo, através de imagens televisadas, o provável futuro dirigente do país, Kim Jong-Un, de 27 anos, filho do atual líder.Kim Jong-Un apareceu junto a seu pai, Kim Jong-Il, e aplaudiu constantemente os milhares de soldados que desfilaram diante dele, seguidos de tanques, porta-mísseis e outras armas pesadas.
Televisões estrangeiras foram convidadas para transmitir as imagens do herdeiro político para o exterior.
Segundo a agência sul-coreana Yonhap, essa é a primeira vez que autoriza a transmissão ao vivo das imagens de um desfile militar para além de suas fronteiras.
A Coréia do Norte organizou esta parada para comemorar o 65; aniversário da criação do Partido dos Trabalhadores da Coréia, o partido único do país, mas Pyongyang parece ter encontrado um pretexto para oficializar e celebrar Kim Jong-Un como futuro dirigente.
"Foi para mostrar publicamente ao mundo o próximo dirigente", afirmou Paik Hak-Soon, do Instituto Sejong da Coreia do Sul.
O jovem, cuja data de nascimento correta continua sendo um mistério, saiu do anonimato no final de setembro, quando foi promovido general do exército e teve acesso a altos cargos dentro do partido.
Uma primeira foto dele já adulto foi publicada, permitindo que se conhecesse os traços de um jovem bochechudo.
A Coreia do Norte, que possui a arma nuclear, é a única dinastia comunista do mundo. Kim Jong Il sucedeu seu pai, Kim Il Sung, fundador da República da Coreia.
Na sexta-feira, um alto dirigente norte-coreano confirmou que Jong-Un sucederá seu pai depois da morte de Kim Jong-Il, de 68 anos, que sofreu um derrame cerebral em agosto de 2008 e está visivelmente frágil de saúde.
Durante o desfile, vestido com seu habitual uniforme caqui, o dirigente aplaudiu e saudou as tropas com a mão direita, sem muita segurança.
Em um discurso, o chefe do Estado-Maior militar Ri Yong-Ho prometeu utilizar a arma nuclear para defender-se "se os imperialistas americanos e seus discípulos tentarem usurpar a soberania e a dignidade de nosso país".
A parada militar contou com tropas de terra, mar e ar, assim como as forças internas de segurança, a Guarda Vermelha, operários, camponeses e a Jovem Guarda Vermelha.
O exército norte-coreano conta com 1,19 milhão de efetivos e é um dos cinco maiores do mundo.
Junto ao desfile das tropas, milhares de civis agitavam ramos de flores seguindo uma coreografia perfeita.
Em Seul, o mais importante desertor norte-coreano, Hwang Jang-Yop, foi encontrado morto neste domingo em sua casa, aparentemente vítima de um ataque cardíaco.
Um porta-voz da polícia de Seul confirmou a morte de Hwang, aos 87 anos de idade, sem dar mais detalhes.
Hwang Jang-Yop estava no banheiro, e sua morte foi provocada por causas naturais, segundo a YTN. As autoridades, no entanto, ainda não descartaram a hipótese de assassinato em suas investigações.
Hwang foi tutor de Kim Jong-Il antes de fugir para a China em 1997. Ele vivia sob proteção policial constante e recebia ameaças de morte com frequência.
O local de sua residência era mantido em segredo. As primeiras informações da TV sul-coreana indicavam que ele vivia em Seul.
De acordo com a agência sul-coreana Yonhap, um guarda-costas dormia na casa de Hwang, onde não há sinais de luta.
Seu corpo passará por uma autópsia.
Em julho, dois espiões norte-coreanos foram condenados pela justiça da Coreia do Sul a dez anos de prisão por terem se passado por refugiados para tentar assassinar Hwang Jang-Yop.