Washington - A pobreza, os conflitos e a instabilidade política são responsáveis por um bilhão de pessoas com fome no mundo, muitas delas crianças na África e Ásia, destaca o relatório do Índice Global de Fome divulgado nesta segunda-feira (11/10).
Dos 122 países incluídos no estudo, 25 têm níveis considerados "alarmantes" de fome, e quatro nações da África registram números "extremamente alarmantes", destaca o relatório anual do Instituto Internacional de Pesquisas de Políticas de Alimentação (IFPRI, na sigla em inglês), da Concern Worldwide e do Welthungerhilfe.
A República Democrática do Congo (RDC) é o país em pior situação, com 75% da população subalimentada. A RDC também tem uma das maiores taxas de mortalidade infantil do mundo, revela o documento.
Três fatores foram utilizados para calcular o Índice Global de Fome (GHI, na sigla em inglês): a proporção de pessoas subalimentadas em um país, a prevalência do baixo peso nas crianças e a mortalidade infantil.
"Um prolongado conflito iniciado no fim dos anos 90 levou ao colapso econômico, ao deslocamento em massa de pessoas e a um estado crônico de insegurança alimentar na RDC", afirma o informe.
O índice situa os países numa escala de 100 pontos, sendo zero a melhor pontuação - sem fome - e 100 a pior, apesar de nenhum desses dois extremos ser alcançado na prática.
Uma pontuação maior que 20 revela níveis alarmantes de fome num país, e mais de 30 é "extremadamente alarmante".
A RDC se situou entre os quatro países - junto com Burundi, Eritreia e Chade - com níveis "extremadamente alarmantes" de fome, e é o único país que superou os 40 pontos.
Com exceção de Haiti e Iêmen, todos os países que registram níveis "alarmantes" de fome ficam na África subsaariana e na Ásia.
Esses são os países em ordem ascendente de severidade: Nepal, Tanzânia, Camboja, Sudão, Zimbábue, Burkina Fasso, Togo, Guiné-Bissau, Ruanda, Djibuti, Moçambique, Índia, Bangladesh, Libéria, Zâmbia, Timor-Oriental, Níger, Angola, Iêmen, República Central Africana, Madagascar, ilhas Comores, Haiti, Serra Leoa e Etiópia.
Junto com Burundi, a RDC e a Eritreia, as ilhas Comores e o Haiti registram mais de 50% da população subalimentada.
Bangladesh, Índia, Timor-Oriental e Iêmen registraram a maior prevalência de baixo peso nas crianças menores de cinco anos - mais de 40% nos quatro países.
Afeganistão, Angola, Chade e Somália tiveram a maior taxa de mortalidade infantil, com a morte de menores de 5 anos de 20% ou mais em cada um desses países.
A Coreia do Norte foi um dos nove países nos quais o índice aumentou de 16,2 pontos em 1990 a 19,4 em 2010. Os oito restantes são países subsaarianos e em todos menos três - Gâmbia, Suazilândia e Zimbábue - a causa é o conflito.