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Começa investigação judicial sobre atentados de julho de 2005 em Londres

Agência France-Presse
postado em 11/10/2010 18:45
Londres - O Reino Unido abriu nesta segunda-feira (11/10) com um minuto de silêncio a esperada investigação judicial sobre as mortes de 52 pessoas nos atentados de 7 de julho de 2005 contra o transporte público de Londres.

No primeiro dia de audiência, foi revelado que, segundo elementos da investigação, os quatro camicases podem ter adiado a execução do plano por 24 horas.

Segundo essas revelações, os camicases tinham a intenção de coincidir a violenta operação com o dia em que efetivamente Londres foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos de 2012. Mas um imprevisto familiar teria perturbado o plano.

O cérebro dos atentados, Mohamed Sidique Khan, enviou uma torpedo em 6 de julho, às 4h35 locais, para um dos cúmplices, Shehzad Tanweer, aparentemente para cancelar uma reunião: "Tenho um grande problema. Não posso chegar a tempo. Te ligo quando tiver resolvido. Espera em tua casa".

O "grande problema" ao qual se refere o líder dos camicases seriam complicações na gravidez da esposa, conforme mencionado na investigação.

"O ataque talvez estava previsto inicialmente para outro dia e não 7 de julho", concluiu o advogado independente Hugo Keith, que colabora na instrução.

A investigação, que acontece em um tribunal do centro da capital inglesa, examinará se houve falhas na atuação da polícia e dos serviços de inteligência antes e depois dos ataques suicidas coordenados em três estações de metrô e um ônibus público, que também deixaram 700 feridos.

As audiências, destinadas a determinar as circunstâncias das mortes, contarão com depoimentos de cerca de 500 mil sobreviventes e com a exibição de vídeos inéditos.

A juíza encarregada da investigação, Heather Hallett, advertiu nesta segunda-feira sobre a natureza potencialmente "angustiante" do material.

Na primeira declaração, o advogado independente Hugo Keith lembrou que as bombas "mataram ou mutilaram indiscriminadamente passageiros que simplesmente iam cumprir suas atividades diárias". "Algumas perguntas talvez nunca sejam respondidas, e outras não fazem parte do escopo desta investigação", indicou, dizendo acreditar que o processo trará "conclusões significativas sobre as causas diretas e indiretas das mortes, assim como sobre as responsabilidades e as lições que podemos aprender com o que aconteceu".

Sobreviventes e familiares das vítimas querem saber, entre outras coisas, por que os serviços de segurança não agiram para deter o líder dos terroristas suicidas, Mohammad Sidique Khan, apesar de mantê-lo sob vigilância na época.

"Quero que as investigações descubram se erros foram cometidos ou se o sistema era imperfeito", explicou Ros Morley, cujo marido, Colin, 52, morreu em um dos ataques do metrô. "Vítimas inocentes no Reino Unido e no resto do mundo precisam saber que estão protegidos agora e no futuro", acrescentou.

Documentos revelaram novos detalhes antes da abertura da investigação, como por exemplo o fato de que a polícia descobriu que havia impressões digitais de Khan nos arquivos desde 1986, e que 17 vítimas não morreram na hora da explosão, e que uma delas veio a falecer apenas 40 minutos depois dos ataques.

Os serviços de inteligência interna (MI5) pediram que temas que exigiriam a abertura de arquivos secretos não fossem abordados pela investigação, para não ameaçar a segurança nacional.

As conclusões da investigação começarão a ser divulgadas no primeiro semestre de 2011.

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