Agência France-Presse
postado em 12/10/2010 12:15
Tóquio - O filho mais velho do dirigente norte-coreano Kim Jong-Il afirmou que se opõe à passagem do poder para o meio-irmão no Estado comunista, em uma declaração pública muito pouco frequente em um dos países mais herméticos do mundo."Pessoalmente, me oponho à transmissão hereditária (do poder) para uma terceira geração da família", afirmou Kim Jong-Nam, em entrevista difundida nesta terça-feira (12/10) pelo canal japonês Asahi TV.
Kim Jong-Nam falou em coreano durante a entrevista, realizada no último sábado, em Pequim.
"Mas acho que há certas razões internas para isso. Se for o caso, acho que devemos aceitar", acrescentou, enfatizando, no entanto, a oposição.
No fim de semana passado, a Coreia do Norte celebrou o 65; aniversário do Partido Comunista e, nesta ocasião, apresentou às televisões do mundo todo o possível sucessor do regime, Kim Jong-Un, de 27 anos, filho mais novo do atual dirigente.
Indagado sobre o processo de sucessão em Pyongyang, Kim Jong-Nam, de 39 anos, declarou acreditar que a decisão foi tomada pelo pai.
"Espero que meu jovem irmão faça todo o possível para melhorar a vida dos norte-coreanos. Da minha parte, estou disposto a ajudá-lo, se for necessário".
Kim Jong-Nam, que estudou na Suíça como o irmão, reside em Macau com a esposa e dois filhos. Nasceu de uma mãe diferente do irmão mais novo e aparentemente caiu em desgraça com o pai em 2001.
Pyon Jin-Il, especialista em política norte-coreana, explicou que Kim Jong-Nam era conhecido por sua franqueza na hora de falar e que algumas das declarações irritaram o regime de Pyongyang.
"Depois destes comentários, corre o risco de não poder mais voltar à Coreia do Norte", acrescentou.