No início de sua polêmica visita oficial, Ahmadinejad foi recebido por milhares de pessoas convocadas pelo movimento xiita Hezbollah, aliado do regime de Teerã e o mais poderoso movimento político e militar do Líbano. "Os inimigos do Líbano e do Irã estão invadidos pelo terror quando veem estas duas nações lado a lado", declarou o presidente iraniano em sua chegada, segundo a agência oficial iraniana Irna.
"Hoje viramos para uma nova página. Estou orgulhoso por estar no Líbano", acrescentou ao dirigir-se ao presidente do Parlamento, o xiita Nabih Berri, que o recebeu no aeroporto.
A bordo de um carro sem capota, Ahmadinejad saudou as pessoas que lhe jogavam arroz e pétalas de rosa e gritavam "Kosh Amadi" (bem-vindo em persa) e "Allah Akbar" (Deus é grande, em árabe). "Vim receber o presidente Ahmadinejad porque ele ajudou o Líbano em sua construção mais que os países árabes", declarou uma dessas pessoas, Munir, de 47 anos, em referência à ajuda iraniana à região sul destruída pela guerra de 2006 entre o Hezbollah e Israel.
"Esta acolhida será uma bofetada em todos que criticaram a visita, como Estados Unidos e Israel, que vivem em um estado de nervosismo devido à chegada de Ahmadinejad", afirmou o canal do Hezbollah Al Manar, em referência à preocupação expressa por Washington e pelo Estado hebreu, inimigos jurados de Teerã, sobre esta visita.
A visita do presidente da República islâmica criou polêmica no Líbano, onde os pró-ocidentais reprovam Teerã por sua interferência e temem que o país se converta numa base iraniana às portas do Estado hebreu.
Em Kosovo, etapa de sua viagem pelos Bálcãs, a secretária de Estado americana Hillary Clinton negou nesta quarta qualquer tentativa de desestabilizar Líbano.
Em Israel, o deputado de extrema-direita Arie Eldad foi mais além ao preconizar a eliminação do presidente iraniano.
A maioria parlamentar pró-ocidental também criticou a visita, já que reprovam Teerã por sua interferência e temem que o país se converta numa base iraniana às portas do Estado hebreu.
No palácio presidencial de Baabda, perto de Beirute, Ahmadinejad assegurou que "damos o total apoio à resistência do povo libanês contra o regime sionista e queremos a total libertação dos territórios ocupados no Líbano, Síria e Palestina".
Em coletiva conjunta depois de se reunir com seu colega libanês, Michel Suleiman, o presidente iraniano acrescentou que "ambos temos interesses e inimigos comuns". O Hezbollah combateu contra Israel em 2006, e anteriormente o fez no sul do país, até 2000, durante os 22 anos de ocupação israelense.
Os presidentes dos dois países assinou uma série de acordos energéticos, comércio, turismo e tecnologia. O presidente iraniano também se reuniu com o primeiro-ministro Saad Hariri, apoiado pelos Estados Unidos e Arábia Saudita.
No fim do dia, se encontrou ainda com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ato organizado pelo movimento xiita, considerado pelos Estados Unidos uma organização terrorista. Em um discurso transmitido por um telão, o líder do Hezbollah apoiou as palavrs do presidente iraniano contra Israel: "Ahmadinejad tem razão quando diz que Israel é um Estado ilegítimo e que deve desaparecer".
Nesta quinta-feira, segundo e último dia da viagem, o presidente iraniano visitará as localiddades na fronteira sul com Israel, devastadas durante os confrontos de 2006 e reconstruídas em grande parte graças à ajuda iraniana.