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Diante de novas ameaças, Otan estuda adoção de sistema antimísseis

Agência France-Presse
postado em 14/10/2010 15:51
Bruxelas - Os 28 países membros da Otan traçavam nesta quinta-feira (14/10) em Bruxelas a estratégia defensiva para a próxima década, avaliando a possibilidade de adotar um sistema de defesa antimísseis apesar da atitude reticente de aliados como a França, que defende o desarmamento nuclear, e dos tempos de austeridade.

Ao abrir uma reunião de ministros da Defesa e das Relações Exteriores da Aliança, o secretário-geral Anders Fogh Rasmussen pleiteou uma modernização dos meios de defesa, insistindo na necessidade de criar um sistema que proteja os 28 países de um eventual ataque com mísseis.

"A ameaça é clara, a capacidade é clara e os custos são compatíveis", completou o secretário-geral, numa tentativa de vencer a hostilidade de vários Estados em um período de cortes dos gastos públicos na área de defesa.

A ideia é conectar os sistemas antimísseis já existentes nos Estados Unidos e na Europa e ampliar a cobertura, atualmente limitada a zonas militares, para toda a população.

"A missão principal da Otan de proteger de um ataque os 900 milhões de cidadãos dos países membros não deve mudar nunca, mas deve existir uma defesa moderna para as ameaças modernas", declarou Rasmussen.

Os Estados Unidos afirmaram que os planos necessitam de um "amplo acordo" no seio da Aliança, e que o custo da conexão transatlântica não deve superar os US$ 270 milhões em dez anos.

A França, no entanto, expressou abertamente as reservas, destacando que "há muitas incertezas tecnológicas e financeiras" acerca do projeto.

"Ninguém pode imaginar" que um escudo antimísseis aliado possa proteger de forma eficaz toda a população civil de um "ataque massivo", argumentou o ministro francês da Defesa, Hervé Morin.

A França, potência nuclear militar, disse que o sistema só poderia ser "um complemento à dissuasão atômica". A Alemanha considera que o projeto poderia ser um "substituto".

"De maneira geral, acreditamos que o escudo antimísseis é uma boa ideia, (mas) o desarmamento pode e deve desempenhar um papel importante", declarou Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro da Defesa alemão.

O debate sobre a necessidade de construir um escudo antimísseis faz parte do novo "conceito estratégico" da Otan, que os ministros preveem consolidar ainda nesta quinta-feira para tentar aprová-lo na cúpula de Lisboa, programada para 19 e 20 de novembro.

Neste momento, tudo não passa de um rascunho elaborado por Rasmussen, no qual são listados os meios com os quais a Otan deveria lutar contra as "ameaças modernas", que vão desde mísseis e terroristas até ;cyber; ataques e os piratas da Somália.

O último conceito estratégico da Aliança foi estabelecido em 1999, dois anos antes dos atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos.

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