Agência France-Presse
postado em 15/10/2010 12:11
ROMA - A procuradoria de Roma abriu nesta sexta-feira (15/10) uma investigação contra o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi. A denúncia é de fraude fiscal relacionada a seu império de telecomunicações Mediaset.
A investigação faz parte do processo aberto em Milão sobre ilegalidades cometidas pela Mediaset na compra e venda de direitos cinematográficos para as redes de televisão privadas Italia Uno, Rete Quattro e Canale Cinque, todas pertencentes ao grupo fundado por Berlusconi.
O magnata e atual premier do país e seu filho Piersilvio, vice-presidente da Mediaset, foram convocados a comparecer no dia 26 de outubro a um tribunal de Roma.
Além da família Berlusconi, outros executivos do grupo estão sendo investigados. Em um comunicado, a Mediaset afirma que vai apresentar oficialmente os documentos que inocentam seus executivos.
"Não há nada de novo, se trata de uma sequência da investigação de Milão", declarou Piero Longo, um dos advogados de Berlusconi. "Regularmente somos objeto de investigações judiciais", comentou o presidente da Mediaset, Fedele Confalonieri, antigo braço direito do premier no mundo dos negócios.
Os procuradores suspeitam que o preço dos direitos cinematográficos foi aumentado por meio de intermediários para a criação de contas no exterior e, assim, evitar o fisco italiano.
O delito acarreta penas que vão de 18 meses a seis anos de prisão. O anúncio da investigação judicial contra o primeiro-ministro, que viu sua popularidade desabar nos últimos meses, caiu como uma ducha de água fria em um momento político tenso. Há pressões no meio político para que Berlusconi renuncie ao cargo.
A Mediaset foi fundada por Berlusconi na década de 1970 e possui os três maiores canais privados de televisão da Itália. A Fininvest, poderoso conglomerado de Berlusconi, que inclui a Mediaset, registrou no primeiro semestre de 2010 uma alta de 33,7% do lucro líquido, a 241,6 milhões de euros (US$ 320 milhões).
O processo contra a Mediaset em Milão foi suspenso à espera da decisão da Corte Constitucional - prevista para dezembro - sobre a adoção de uma lei em março que concede por 18 meses imunidade penal ao primeiro-ministro e seus ministros.
Desde que entrou para a política em 1994, Berlusconi foi processado diversas vezes por corrupção, fraude fiscal, financiamento ilegal dos partidos e corrupção dos juízes.
O magnata, que tem um batalhão de advogados, nunca foi condenado de forma definitiva, sendo absolvido em alguns casos e com a prescrição em outros.