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Chefe da Igreja belga mantém polêmicas declarações sobre vítimas da Aids

Agência France-Presse
postado em 15/10/2010 13:55
BRUXELAS - O chefe da Igreja católica belga defendeu nesta sexta-feira sua afirmação de que a Aids é uma "espécie de justiça imanente", apesar da polêmica causada em seu país. Monsenhor Andre-Joseph Leonard, arcebispo de Bruxelas muito ligado ao Papa Bento XVI, tentou amenizar a controvérsia por suas declarações publicadas na quinta-feira em um livro de entrevistas. No entanto, manteve sua postura. "Segundo o que li em muitos artigos científicos, a Aids se propagou principalmente por comportamentos sexuais com todos os tipos de casais ou por relações sexuais anais, assim como vaginais. A única coisa que estou dizendo é que estão relacionados com os atos", afirmou Leonard. "Acho que é uma declaração decente, honrada e respeitável", acrescentou, apesar de ter sido acusado pela imprensa e por partidos belgas de usar palavras "indignas", "inadmissíveis" e "homófobas". Leonard enfatizou que suas declarações respondiam a uma pergunta sobre a liberação sexual. Segundo ele, de forma alguma, aludia as pessoas infectadas por meio de uma transfusão sanguínea ou crianças nascidas de mães soropositivas. "Se fumamos sem medida, talvez soframos de um câncer de pulmão. Se bebemos uma garrafa de uísque por dia - e não digo que isto seja uma falta -, devemos saber que nos expomos a certas consequências", acrescentou. Negando que a Aids seja um "castigo de Deus" devido à liberação sexual, o religioso afirmou que, "no máximo, esta epidemia seria vista como uma espécie de justiça, mas não significa um castigo". Conservador que chegou ao topo da Igreja belga em janeiro, Leonard comparou a doença com os desastres ecológicos causados pela ação do homem. "Quando o meio ambiente é maltratado, ele acaba por responder. Maltratar a natureza profunda do amor humano acaba sempre por originar catástrofes em todos os níveis", insistiu. Os propósitos do líder dos católicos belgas provocaram diversas críticas em seu país. O Partido Liberal Flamenco (VLD) qualificou as palavras de "incompreensíveis, ofensivas e insuportáveis". O Partido Verde Francófono disse que o discurso é "estúpido"" e "discriminatório".. No mesmo livro, Léonard mostra sua oposição ao fim do celibato dos sacerdotes, alguns meses após terem sido revelados na Bélgica centenas de casos de abusos sexuais contra menores cometidos por membros da Igreja católica. "Todos sabemos que a maioria dos casos de pedofilia ocorre no seio das famílias. É esta uma razão para acabar com os casamentos?", questiona Léonard.

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