postado em 16/10/2010 07:30

No fim da tarde de ontem, mais 28 trabalhadores receberam alta. Os últimos dois que continuam sob cuidados - os nomes não foram anunciados pelas autoridades de imediato - foram transferidos para outros centros médicos. O diretor do Hospital de Copiapó, Jorge Montes, havia comentado mais cedo sobre um dos pacientes, que apresenta um quadro de pneumonia aguda, mas, segundo o médico, não deveria ficar internado por muito mais tempo. O médico Jorge Montes, um dos que participaram da operação de resgate, disse que se trataria de Mário Gómez, 63, o mais velho do grupo.
Illanés, que é casado e tem um filho, garantiu que, apesar dos problemas enfrentados, "a experiência foi muito proveitosa". Dos 69 dias de confinamento embaixo da terra, ele contou que os primeiros 17 foram um pesadelo. "Pouco a pouco, fomos nos organizando, e sentíamos o apoio vindo de fora. Perto do final, tudo que queríamos era sair", relembrou. Ele comemorou o aniversário 700m abaixo da superfície e, segundo os demais, foi quem mais injetou otimismo e bom humor no grupo. "Tínhamos de passar por algo assim para mostrar como trabalham os mineiros."
Um cartaz com a inscrição "bem-vindo ao nosso humilde lar" foi a primeira saudação notada por Mamani quando chegou e foi recebido como herói por 31 pessoas, na maioria compatriotas bolivianos. "Viemos celebrar esse milagre de Deus. É uma emoção muito grande", afirmou Viviana Piña, vizinha do jovem, que não escondia a surpresa com a recepção. Cercado por jornalistas, Mamani repetia "estou bem, estou bem", enquanto tentava abrir passagem para entrar em casa e reencontrar a mulher, a filha de um ano e os familiares vindos da Bolívia.
[SAIBAMAIS]O terceiro a deixar o hospital, Edison Peña, 34, chegou em casa sob uma chuva de confete "muito linda". "Estou bem, estou supersaudável, por isso fui um dos três a saírem primeiro", explicou aos parentes, aos amigos e à imprensa. Ele admitiu que as longas semanas debaixo da terra levaram sua saúde física e mental ao limite: "Passamos bem mal, eu não acreditava que íamos voltar". Peña agradeceu a todos "por acreditarem que estávamos vivos". "Todas as orações nos davam mais coragem para seguir em frente e não esperar dormindo pelo resgate", acrescentou. O trabalhador disse que era difícil acreditar que estava vivo após o desmoronamento da mina.
Recomeço
Apenas dois dias após o fim do resgate, alguns dos 33 já consideram a ideia de voltar a viver da mineração. "Se não tiver remédio, vou continuar trabalhando como mineiro. Se tiver de sobreviver, farei isso. Mas se puder viver de outra coisa qualquer, deixarei as minas. É muito duro", afirmou Juan Illanés. "A verdade é que eu quero ir para Miami", confidenciou. Ainda no hospital, Alex Vega foi mais enfático: "Eu quero voltar à mina. Sou mineiro de coração. Isso se traz no sangue". Osmán Araya contou que o acidente faz parte do ofício. "Não temos nada a temer. Temos de continuar trabalhando, é isso", simplificou, em entrevista à televisão estatal.
O ministro da Saúde, Jaime Mañalich, ressaltou que para a maioria dos mineiros não é recomendável que continuem a trabalhar nessa área. "Para alguns, o retorno é totalmente imprudente. Em alguns casos, nos perguntamos o que faziam lá, pois eles tinham micoses ou diabetes", explicou.
Levantar acampamento

De acordo com estimativas, mais de 1.600 profissionais de jornais, rádio e televisão se amontoaram em Copiapó para a cobertura do resgate, seguido dia a dia e transmitido ao vivo para o mundo inteiro.