Agência France-Presse
postado em 16/10/2010 12:52
A maioria dos 33 mineiros resgatados nesta semana no Chile estão vivendo seu primeiro final de semana de normalidade na superfície, acompanhados por familiares, amigos e vizinhos, tentando virar a página da história de 69 dias de pesadelo sob a terra, embora dois deles ainda continuem hospitalizados.Após o apoteótico e impecável resgate de quase 22 horas transmitido ao vivo ao mundo inteiro por várias cadeias de televisão, os mineiros convertidos em heróis nacionais tentam, aos poucos, retomar sua vida normal, ao mesmo tempo em que psicólogos advertem para os riscos de tanta efusão.
"Vão ter pela frente um cenário muito duro", estimou o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.
Enquanto isto, 31 famílias festejavam a chegada dos seus, a maioria com assados no forno e muita alegria; as outras duas devem esperar um pouco mais.
Dois mineiros foram transferidos para a Associação Chilena de Segurança, explicou a médica Paola Neumann, diretora regional de saúde da região de Atacama, que não revelou o nome dos dois. Um está sendo tratado de um problema dentário e, outro, de uma síndrome de vertigens.
Os bairros mais humildes de Copiapó, 800 km ao norte de Santiago, receberam seus vizinhos como heróis, com festas e comidas típicas, sob a pressão de centenas de jornalistas que tentavam acompanhar de perto os festejos e arrancar relatos dos protagonistas da façanha.
Jimmy Sánchez, que aos 19 anos tornou-se o mineiro resgatado mais jovem, foi recebido com grande comemoração numa quadra de basquete a alguns metros de sua casa.
Antes, seus paies o acolheram em casa com um novo quarto especialmente preparado e sua comida preferida, pescado frito com salada.
O mineiro Víctor Segovia mostrou-se incomodado com as câmeras que o esperavam na entrada de casa. "Somos apenas pessoas simples que sobreviveram", afirmou Segovia, o escritor oficial da experiência humana mais longa sob a terra.
Apesar do calvário e da aura de heroísmo que envolve os mineiros depois do resgate, alguns asseguram que sua vida e seu trabalho vão continuar na mina.
"Sim, vou continuar como mineiro", respondeu Yonny Barrios, à pergunta dos jornalistas que o aguardavam na saída do hospital de Copiapó.
Barrios agora só quer descansar. "Descansar um pouco e voltar à mina" depois, "porque precisa trabalhar".