Agência France-Presse
postado em 16/10/2010 20:38
COPIAPÓ - José Henríquez, um dos 33 mineiros resgatados no norte do Chile, foi o primeiro a voltar, este sábado (16/10), à jazida San José, onde ficou preso por 69 dias com seus companheiros.Henríquez, considerado um dos mineiros que ajudou a manter o grupo espiritualmente durante mais de dois meses, foi à mina, acompanhado da família, para recolher parte de seus pertences, que continuavam no local.
Agora, explicou, quer recuperar seu dia a dia e pensa em "procurar trabalho" para "continuar fazendo o mesmo".
"O mineiro que é mineiro sente falta até do mau cheiro do explosivo quando está sem "pega" (trabalho). Isto é algo inato que se leva. Meu pai foi mineiro por mais de 40 anos e nós seguimos com o mesmo. Eu acho que vou ter que continuar nisto, não sei até quando", disse Hernández na mina.
"Quero recuperar minha vida normal, isto é o que quero fazer. Quero levar minha família para Talca, porque sou de lá, quero passar alguns meses descansando e depois voltar, porque meu chefe me disse que tinha "pega" para mim de novo", esclareceu.
José quis visitar a jazida "para ver mais de perto, depois de todo este processo, tudo o que vivemos aqui e para estar em paz, tranquilo e ao mesmo tempo, estamos dando graças a Deus", explicou seu irmão, Gastón Enríquez, à Rádio Cooperativa.
"Ali nos organizamos, souberam que eu era cristão e coube a mim levar a oração a meus companheiros. Eu sou um simples homem de trabalho e não me cabe o nome de guia espiritual", acrescentou o mineiro.
A visita produziu "sentimentos de nostalgia", disse Gastón. "O processo que vivemos aqui (foi) da angústia à alegria. É um momento muito forte, muito emotivo, depois de tudo o que vivemos", acrescentou.
Após o bem-sucedido resgate, de quase 22 horas na quarta-feira passada, transmitido ao vivo por várias emissoras de televisão, os 33 mineiros transformados em heróis nacionais tentam retomar suas vidas, lentamente.