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Batalha pela reforma previdenciária entra na reta final na França

Agência France-Presse
postado em 17/10/2010 19:01
A batalha de protestos na França contra a reforma previdenciária entra na reta final com um novo dia de greves na terça-feira, véspera da votação do texto no Senado e do possível endurecimento do movimento dos caminhoneiros, num momento em que ainda paira a ameaça de escassez de combustível no país.

Após uma semana de mobilização sem precedentes desde o início dos protestos contra a reforma que prevê dois anos a mais de trabalho (aposentadoria parcial aos 62 ao invés dos 60 anos e total aos 67 ao invés de 65), o movimento chega a uma etapa decisiva.

O presidente Nicolas Sarkozy tem insistido em que seu governo levará até o fim essa reforma importante de seu mandato e que não fará "mais concessões". Os sindicatos, por sua vez, estão determinados a aumentar a pressão antes da adoção no Senado do texto, já votado na Assembleia Nacional. A questão é saber se os mais radicais têm capacidade de paralisar o país.

Apesar da continuidade da greve em todas as refinarias e da invasão de motoristas aos postos de gasolina, o primeiro-ministro francês, François Fillon, assegurou, na noite deste domingo, que "não haverá escassez" de combustível. "Não deixarei que bloqueem o nosso país", insistiu Fillon, dirigindo-se aos grevistas.

O "debate irá a termo no Senado" e a reforma será "votada", acrescentou, estimando que "muitos gestos têm sido feitos" durante o exame parlamentar. O ministro do Interior, Brice Hortefeux, advirtiu, por sua vez, que as autoridades farão "desocupar os depósitos" petroleiros se for necessário.

Este domingo, o secretário dos Transportes, Dominique Bussereau, afirmou que não havia posto de gasolina algum "sem combustível" e pediu aos motoristas que não se assustem.

Bussereau acrescentou que o principal aeroporto de Paris, Roissy-Charles de Gaulle, está "perfeitamente abastecido" de combustível. Segundo ele, tampouco há problemas em Orly, outro grande aeroporto da capital francesa.

As organizações sindicais pediram para intensificar os protestos no estratégico setor dos transportes.

No entanto, açõs mais duras se anunciam por parte dos caminhoneiros e maquinistas, que poderiam fazer a ponte entre as greves e as manifestações da terça-feira, quando as perturbações podem se estender para o tráfego aéreo.

As ações poderiam aumentar a ameaça de escassez de combustível. Atualmente, os aeroportos de Nice (sudeste) e Nantes (noroeste) sofrem dificuldades e os motoristas invadiram os postos de gasolina no sábado.

Durante todo o fim de semana, sindicatos e a oposição pediram ao governo que mudasse de posição. No Senado, os opositores à reforma continuam suas ações, apresentando emendas e pedindo o uso da palavra, de forma a adiar a votação uma vez mais.

O Executivo, por sua vez, aposta em um enfrequecimento da mobilização antes da votação definitiva no Parlamento, prevista para o fim de outubro.

O governo espera também que ocorram dissensões entre os sindicatos sobre a conduta a seguir depois do voto dos senadores.

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