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Sarkozy cria gabinete emergencial devido à falta de combustível na França

postado em 19/10/2010 07:30
O desabastecimento de combustível gerado pela adesão das refinarias à greve contra a reforma da Previdência ; que irá à votação amanhã no Senado ; obrigou o governo francês a criar uma ;célula interministerial de crise;. Pelo menos quase 1,5 mil postos de gasolina dos 12,5 mil existentes no país estavam ontem sem combustível, segundo cálculos da União de Importadores Independentes de Petróleo (UIP), que representa os distribuidores instalados em hipermercados. Para hoje, é prevista um greve geral. Mas o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que não irá ceder às pressões. ;A reforma é essencial, e a França está comprometida em fazê-la e levá-la adiante, assim como fizeram nossos parceiros alemães;, afirmou.

Os ministros da Economia, do Interior, da Energia e da Ecologia integram a célula anticrise, que vai coordenar as tarefas dos diferentes serviços básicos do Estado para garantir o seu funcionamento. A situação mais emergencial é a dos combustíveis. Muitos motoristas encheram os tanques de seus carros nos últimos dias após as informações de que haveria desabastecimento em consequência da greve, que afeta 11 refinarias.

;Dos 4 mil postos nos hipermercados, que distribuem 60% do combustível na França, há quase 1,5 mil sem combustível;, declarou o diretor da UIP Alexandre de Benoist, à AFP. Dos 12,5 mil postos de gasolina na França, 4,5 mil ficam localizados dentro dos hipermercados Casino, Carrefour, Auchan, Cora, Leclerc e Intermarché.

Crescem os protestos gerados pelo projeto de lei que propõe o aumento da idade mínima para a aposentadoria de 60 para 62 anosO país já começou a recorrer a suas reservas emergenciais de combustível. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), responsável pelos suprimentos estratégicos de petróleo em países que fazem parte da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a França tem estoques para 98 dias.

Portuários
Apenas uma das 12 refinarias do país não interrompeu sua produção. Em 12 de outubro, os petroleiros uniram-se aos grevistas do porto petrolífero de Fos-Lavéra, o maior do país. Parados há três semanas, os portuários reivindicam melhores condições de trabalho e uma reforma no porto. Ontem, os caminhoneiros também realizaram operações-tartaruga em rodovias, e as greves no setor ferroviário se intensificaram, enquanto ganham força os protestos contra a reforma da Previdência. O projeto que tramita no Senado propõe a elevação de 60 para 62 anos a idade mínima de aposentadoria e de 65 para 67 anos, no caso de recebimento do salário integral.

Para hoje, é prevista greve geral, afetando, inclusive, aviação e correios. O Dgac, órgão que controla a aviação civil, pediu às companhias aéreas que reduzam em 50% as suas operações no aeroporto de Paris Orly e em 30% no resto do país. Esta será a sexta grande paralisação combinada com manifestações de rua convocadas pelas centrais sindicais desde junho. ;A situação está crítica. Qualquer pessoa que procure diesel nas regiões de Paris e Nantes (oeste da França) terá problemas;, disse uma porta-voz da Exxon Mobil.

Os trabalhadores portuários são um dos grupos operários mais fortes do país e já fizeram repetidas greves nos últimos anos. No fim de semana, os sindicatos pediram o endurecimento dos protestos e o governo disse que não há risco de desabastecimento e que recorrerá à força se for preciso para impedir a paralisia da economia nacional.

Após encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, na cidade francesa de Deauville, o presidente francês defendeu que os países da União Europeia que não cumprirem em seis meses medidas destinadas a redução dos deficits devem ser penalizados. ;O país que tenha um deficit excessivo e não tome as medidas necessárias de correção dentro de seis meses sofrerá sanções;, disse o presidente da França, Nicolas Sarkozy, após encontro com Merkel, em que os mandatários fizeram uma declaração conjunta a favor do ajuste fiscal.

PETRÓLEO EM ALTA
; Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta ontem, impulsionados pela preocupação dos investidores com os efeitos da greve na França e ainda pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, anuncie medidas para impulsionar a economia do país. Em Nova York, o WTI para novembro encerrou cotado a US$ 83,08 o barril, uma alta de US$ 1,83. O contrato para dezembro subiu US$ 1,87, para US$ 83,80. Em Londres, o Brent de dezembro fechou valendo US$ 84,37, com avanço de US$ 1,92, enquanto o contrato de janeiro de 2011 teve alta de US$ 84,86, a US$ 1,91.

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