Agência France-Presse
postado em 19/10/2010 16:19
Atenas - Milhares de imigrantes ficam abandonados à própria sorte na Grécia após atravessar ilegalmente a fronteira com a Turquia, razão pela qual o governo decidiu nesta terça-feira (19/10) solicitar a ajuda da UE para resolver uma grave situação que a ONU qualifica de "crise humanitária".A Grécia "não pode enfrentar mais" esta circunstância, declarou o ministro da Imigração, Christos Papoutsis, ao visitar a região do rio fronteiriço Evros, no nordeste do país, onde é registrado o maior afluxo de imigrantes ilegais.
"Pedimos à União Europeia (UE) que assuma suas responsabilidades para com nosso país", acrescentou o ministro grego.
Vinte e cinco iranianos que requerem asilo seguiam nesta terça-feira pelo quinto dia consecutivo em greve de fome, acampando em frente a Universidade de Atenas, no centro da cidade, e reivindicando o estatuto de refugiado, informaram membros de um grupo antirracista.
Os refugiados, entre eles uma jornalista e sete homens, consturaram a boca, conforme denunciou o grupo de esquerda "União contra o racismo e a ameaça fascista", que os sustenta.
Os 25 iranianos somaram-se em 14 de outubro a outro grupo de 19 compatriotas que se manifestam desde o início de setembro nos mesmos locais e pela mesma causa.
Desde o início de 2010, a polícia grega interceptou 34 mil pessoas na região do rio fronteiriço Evros, contra apenas nove mil em 2009.
Ao menos 44 pessoas se afogaram nas águas do rio desde janeiro de 2010 quando tentavam entrar na Grécia clandestinamente, indicou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), que qualificou a situação de "crise humanitária".
Segundo os números do primeiro semestre de 2010, mais de 75% das 40.977 pessoas interceptadas quando entravam ilegalmente na União Europeia transitaram pela Grécia, segundo a Agência Europeia de vigilância das fronteiras Frontex.
A UE concedeu à Grécia mais de 300 milhões de euros até 2013 e deu sete milhões de euros de ajuda de urgência em 2008 e 2009.
No início de outubro, a Comissão Europeia prometeu ao país uma ajuda suplementar de 200 milhões de euros.