Agência France-Presse
postado em 20/10/2010 09:28
PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou nesta quarta-feira(20/10) ter ordenado o desbloqueio de todos os depósitos de combustível, ocupados por conta de protestos contra a reforma do sistema de aposentadorias.
Depois da promessa do primeiro-ministro, François Fillon, de que a situação voltaria ao normal em quatro ou cinco dias, a polícia atuou durante a noite em três depósitos de combustível na região oeste do país.
"Para milhões de nossos compatriotas, os transportes constituem uma questão vital. Trata-se de uma liberdade fundamental. Durante os últimos dias, a vida cotidiana de muitos franceses se viu perturbada por problemas de abastecimento, que afetaram parte dos postos", declarou Sarkozy, durante o Conselho de Ministros.
"Ontem dei instruções para desbloquear todos os depósitos de combustível com o objetivo de restabelecer o mais rápido possível uma situação normal", completou, segundo um comunicado oficial.
[SAIBAMAIS]
As 12 refinarias de petróleo francesas e vários depósitos de combustível estão bloqueados, alguns temporariamente, em ações que se tornaram o principal meio de pressão contra a reforma da previdência.
Na terça-feira, 4 mil dos 12.500 postos de gasolina de todo o país estavam vazios, "à espera de abastecimento", segundo o governo. Sarkozy reiterou que a reforma seguirá "até o fim", apesar das greves e manifestações, e alertou para as consequências dos protestos sobre o emprego e a atividade econômica.
"Levarei até o fim a reforma das aposentadorias, uma vez que meu dever como chefe de Estado é garantir aos franceses que eles e seus filhos poderão contar com sua aposentadoria e que o nível das pensões será mantido", ressaltou.
"É normal que em uma democracia cada um possa expressar sua preocupação ou oposição. Mas não se devem superar determinados limites e meu dever é garantir o respeito da ordem republicana a serviço de todos os franceses".
Nesta terça-feira, entre 1,1 milhão (segundo o ministério do Interior) e 3,5 milhões de pessoas (de acordo com os sindicatos) saíram às ruas de todo o país contra a reforma da aposentadoria, na sexta jornada de ação desde o fim das férias de verão.
Segundo uma pesquisa, 59% dos franceses defendem a continuidade da mobilização. Os estudantes universitários e secundários pretendem protestar diante do Senado, onde a reforma, que determina a elevação de 60 a 62 anos a idade mínima para a aposentadoria, está sendo debatida.
Na terça-feira, protestos estudantis terminaram em violência. Segundo o ministério do Interior, 1.423 "agitadores" foram detidos na última semana.
A paralisação afeta em particular o sistema de transportes. No aeroporto de Orly, em Paris, 25% dos voos foram cancelados na manhã desta quarta-feira. O tráfego ferroviário também registrava problemas, assim como o transporte urbano em várias cidades. O metrô de Paris, no entanto, tinha funcionamento praticamente normal.