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Príncipe saudita é condenado à prisão perpétua por assassinato de empregado

Agência France-Presse
postado em 20/10/2010 12:48
Londres - Um príncipe saudita considerado culpado do assassinato de um empregado em um grande hotel de Londres foi condenado nesta quarta-feira (20/10) à prisão perpétua por um tribunal britânico.

Saud Ben Abdulaziz Ben Nasir al-Saud, 34 anos, neto do rei Abdullah por parte de mãe, terá que passar no mínimo 20 anos na prisão pelo assassinato de Bandar Abdullah Abdulaziz, 32 anos, em 15 de fevereiro em um quarto de luxo do hotel Landmark, segundo a decisão de um juiz de Old Bailey.

Nessa terça-feira, um júri popular declarou o príncipe culpado das acusações após uma hora e 35 minutos de deliberações.

A vítima foi encontrada estrangulada no quarto de hotel que dividia com o príncipe. Marcas de mordidas foram identificadas no rosto e, por todo o corpo, havia várias marcas de golpes.

O príncipe e o empregado voltavam de uma festa de São Valentim, dia dos namorados, quando o assassinato ocorreu.

O nobre saudita já havia batido no funcionário em inúmeras ocasiões, uma delas filmada pelas câmeras de segurança do hotel em janeiro.

Segundo o membro da família real, os dois homens eram "amigos e iguais" e heterossexuais, mas para o procurador "está claro" que o príncipe é "homossexual ou apresenta tendências homossexuais".

"Ninguém neste país está acima da lei", declarou o juiz David Bean ao emitir o veredicto depois de classificar de "muito pouco comum que um príncipe se sente no banco do réu por acusações de assassinato". Ele acrescentou que o acusado "explorou impiedosamente sua posição de autoridades" sobre Bandar, a quem classificou de "vítima vulnerável, totalmente submetido a sua vontade" ao ponto de não opor resistência. "Se sua relação com ele também implicava relações sexuais, isso não supõe nenhuma diferença na sentença", acrescentou.

Os advogados pediram que as audiências ocorressem a portas fechadas, já que o homossexualismo é considerado crime punível com morte na Arábia Saudita.

O procurador Jonathan Laidlaw destacou que o príncipe tem poucas chances de retornar ao país de origem.

O príncipe tentou ainda, em vão, usar da imunidade diplomática no momento da prisão, mas o fato de pertencer à família real saudita não o livrou da justiça britânica.

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