Agência France-Presse
postado em 20/10/2010 15:00
CIDADE DO VATICANO - A designação de 24 novos cardeais pelo Papa Bento XVI nesta quarta-feira (20/10) dá continuidade ao velho equilíbrio regional no seio da Igreja Católica, com o predomínio dos europeus, sobretudo italianos, e um reconhecimento à África.
Entre os nomeados, 20 têm direito a eleger um novo pontífice em caso de Conclave, e receberão o anel cardinalício durante o terceiro Consistório do atual pontificado, marcado para 20 e 21 de novembro.
[SAIBAMAIS]Na lista dos novos "ministros" da Igreja figuram ainda dois sul-americanos: o brasileiro Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, e o equatoriano Raúl Vela Chiriboga, arcebispo de Quito.
Mesmo assim, predominam religiosos oriundos do velho continente: dos 24 apontados por Bento XVI, 15 são europeus, sendo 10 italianos, dois alemães, um suíço, um polonês e um espanhol.
Outros dois são americanos, um é do Sri Lanka e quatro são da África, continente que o Papa elegeu como uma das prioridades de seu pontificado, iniciado em 2005.
Dos 24 novos cardeais, 20 têm direito a participar da escolha do novo Papa em caso de Conclave após a morte do atual pontífice. Quatro deles, no entanto, têm mais de 80 anos de idade, e por isso não podem votar.
Com as novas designações, o número de cardeais com direito a voto no Conclave chega a 121, um além do limite fixado por Paulo VI e poucas vezes ultrapassado por João Paulo II.
O vaticanista Marco Politi estimou que a escolha dos quatro cardeais africanos, todos com voto no Conclave, "é um sinal para a África, e um reconhecimento da vitalidade de sua Igreja".
São eles: o guineano Robert Sarah, secretário da Propaganda Fide, o egípcio Antonios Naguib, patriarca de Alexandria dos Coptas, o congolês Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa, e o zambiano Medardo Joseph Mazombwe, arcebispo emérito de Lusaka.
"É um reconhecimento à igreja africana, que cresceu nos últimos anos tanto em número de sacerdotes quanto em número de fiéis", disse Gianni Cardinale, do jornal dos bispos italianos Avvenire.
A lista "reflete a universalidade da Igreja, uma vez que (os novos cardeais) provêm de vários lugares do mundo e cumprem tarefas diferentes", destacou Bento XVI.
Boa parte dos religiosos ocupa cargos em entidades da Cúria Romana, entre eles os italianos Angelo Amato, prefeito para a Causa dos Santos; Fortunato Baldelli, Penitenciário Naior; Francesco Monterisi, arcebispo da basílica papal de São Paulo Extra Muros em Roma; Mauro Piacenza, prefeito para o Clero; Gianfranco Ravasi, "ministro da cultura" da Santa Sé, e Paolo Sardi, pró-patrono da Ordem de Malta.
Entre os americanos, Raymond Leo Burke é prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, enquanto Donald William Wuerl é arcebispo de Washington.
Além dos novos cardeais, o Papa Bento XVI também anunciou a nomeação de novos bispos para as dioceses de Foz do Iguaçu e Palmas.
O pontífice nomeou como novo bispo de Foz do Iguaçu o monsenhor Dirceu Vegini, de 58 anos, que já foi bispo de Puzia di Bizacena e Auxiliar de Curitiba.
O novo bispo, sacerdote desde 1984, formado em teologia na Universidade Gregoriana de Roma, substitui o monsenhor Laurindo Guizzardi, que se aposenta.
Bento XVI também designou como arcebispo de Palmas o monsenhor Pedro Brito Guimarães, de 56 anos, que também se formou em teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana alcançando o título em teologia dogmática.