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Palestinos ameaçam recorrer à ONU caso Israel siga ampliando suas colônias

postado em 21/10/2010 08:52
De passagem pelo Brasil, um integrante do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) afirmou que, se os Estados Unidos não conseguirem convencer Israel a parar com as construções nos assentamentos até 8 de novembro, os palestinos pedirão às Nações Unidas que reconheçam o Estado palestino, com Jerusalém como capital. Segundo o chefe do Departamento de Refugiados, Tayseer Khaled, que disputou em 2005 a presidência da Autoridade Palestina (AP) com Mahmud Abbas, o completo congelamento das atividades nas colônias judaicas não é uma condição, mas uma ;exigência; para continuar o processo de paz. Ele ainda disse que o reconhecimento de Israel como Estado judaico, como quer o governo de Benjamin Netanyahu, ameaçaria a minoria árabe que vive no país.

O ex-presidente americano Jimmy Carter (E) é o novo trunfo de Washington pata tentar resgatar diálogo entre israelenses e palestinosNo último dia 8, o lado palestino e a Liga Árabe deram prazo de um mês para que Washington consiga um compromisso de Israel para cessar as construções nos assentamentos. Se o governo americano não tiver sucesso, Khaled diz que os palestinos não apenas abandonarão o diálogo direto, mas também pedirão ao Conselho de Segurança da ONU que reconheça seu Estado ;nos limites de 14 de junho de 1967, tendo Jerusalém como capital;. ;Se os Estados Unidos recorrerem ao direito de veto, nós recorreremos à Assembleia Geral. E pediremos para sermos reconhecidos como membros integrais, com todos os direitos, nas Nações Unidas;, disse ao Correio.

Para o embaixador de Israel em Brasília, Giora Becher, a opção de recorrer às Nações Unidas ;não trará nenhum resultado positivo;. ;A ideia de que alguém no mundo possa forçar Israel a aceitar uma solução que não se dê por meio de negociações é absurda;, disse o representante. ;Nossa posição é que a única maneira de chegar à paz no Oriente Médio é por meio de negociações diretas entre Israel e os palestinos. Não temos outro caminho;, completou.

Os palestinos, no entanto, não consideram possível manter as conversas enquanto os colonos judeus continuarem construindo nos territórios ocupados. ;Nós insistimos que a colonização seja paralisada imediatamente, antes de darmos qualquer outro passo. Se essa atividade continuar, o que poderá ser negociado? A terra vai se perder;, pontuou Khaled. Ele argumentou que os assentamentos são ;ilegais; e devem ser tratados como tal pela comunidade internacional. ;A Carta de Roma (do Tribunal Penal Internacional da ONU) prevê que, se um país ocupante transferir seus cidadãos para a área ocupada, estará cometendo um crime de guerra e deverá ser condenado por isso;, afirmou.

Na última semana, o governo de Netanyanu anunciou a intenção de construir mais casas em duas áreas ocupadas por judeus em uma parte da Cisjordânia que foi anexada por Israel a Jerusalém Oriental. A posição israelense de não retomar a moratória ; que vigorou por 10 meses ; sobre as construções já foi criticada por diversos países, inclusive os Estados Unidos, aliados de Israel. Na última terça-feira, entretanto, o novo embaixador israelense da ONU, Meron Reuben, deu indicações que seu governo pode ceder. ;Não estou dizendo que não possa haver outra continuação ou outro prolongamento da moratória. O governo está examinando as possibilidades e as diferentes formas de ver para onde levar o processo de paz;, disse o diplomata israelense à agência Reuters.

Estado judaico
Sobre a proposta feita por Netanyahu na última semana ; de que os palestinos reconheçam Israel como um Estado judeu, em troca da moratória nos assentamentos ;, Khaled classificou-a como ;manipulação política, pois o reconhecimento mútuo já ocorreu;. Segundo o dirigente da OLP, ;em 1993 foi assinado um acordo de reconhecimento do Estado de Israel e do Estado palestino, e nós estamos comprometidos com isso. Quando há um reconhecimento entre dois países, ele só é feito uma vez. O nome do país é Israel, e nós reconhecemos isso;, justificou. Para ele, a intenção do governo de Netanyahu pode ser considerada até ;racista;, por ameaçar os cerca de 20% de cidadãos árabes israelenses e ;eliminar o direito dos refugiados (palestinos) ao retorno;.

O embaixador israelense rebate a afirmação de Khaled: ;Israel é um Estado democrático, e por isso a minoria árabe tem todos os direitos de cidadania, de votar;. Segundo Becher, contudo, Israel ;tem todo o direito de dizer que é um Estado de judeus;. ;A decisão da Assembleia Geral da ONU, em 1947, foi de criar dois países independentes, um árabe e um país judeu. Está escrito lá, não é algo que inventamos agora;, afirma o diplomata, destacando que ;há 22 países árabes no mundo;.

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