LONDRES - O governo britânico divulgou nesta sexta-feira (22/10) documentos médicos que confirmam o suicídio de David Kelly. Ele era o especialista em armas identificado como a fonte de uma notícia que acusou Londres de ter exagerado a ameaça do Iraque para justificar a guerra.
O ministério da Justiça indicou que tornou públicos os documentos para acabar com as inúmeras especulações que cercaram a morte do cientista e assessor do governo trabalhista de Tony Blair em 2003.
Em agosto passado, um grupo de especialistas britânicos pediu uma investigação judicial sobre a morte de Kelly em carta aberta na qual disseram considerar pouco provável a causa oficial, ou seja, suicídio com o corte dos pulsos.
Os resultados da necropsia realizada pelo dr. Nicholas Hunt e divulgada nesta sexta-feira confirmam que a lesão apresentada por David Kelly era "típica de um ferimento autoinfligido".
O dr. Hunt escreveu em seu laudo que "o fator principal que ocasionou a morte foi a hemorragia provocada pelas feridas no pulso esquerdo".
A isso se somaram a ingestão de "um número excessivo de comprimidos" de um medicamento identificado como Co-proxamol e um problema que o cientista sofria na artéria coronária.
O médico estima que há "uma ausência total de ferimentos clássicos de "defesa" contra um ataque com armas cortantes. Também não há "evidência patológica positiva" de que o dr. Kelly tenha sido submetido a uma agressão violenta ou de que o corpo "foi arrastado ou transportado para o lugar onde foi encontrado".
O corpo de Kelly foi achado em 2003 em uma floresta perto de sua casa no condado de Oxford, no sul da Inglaterra.
A morte provocou uma grave crise no governo de Tony Blair. Uma investigação pública presidida por Lord Hutton concluiu, em janeiro de 2004, que "o dr. Kelly se matou abrindo o pulso esquerdo e (que) sua morte foi acelerada pelos comprimidos de Co-proxamol que ingeriu". Também garantiu que "nenhuma terceira pessoa esteve envolvida em sua morte".