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Com Obama em baixa, Clinton é o cara para ajudar os democratas na eleição

Com Barack Obama em baixa, Partido Democrata pede socorro ao ex-presidente na luta pelo Congresso

postado em 23/10/2010 08:00
Bill Clinton faz comício em Miami, na Flórida: imagem de austeridade econômica a serviço dos correligionários ameaçadosImpressionado com o fraco desempenho do Partido Democrata na reta final da campanha para as eleições legislativas de 2 de novembro, o ex-presidente Bill Clinton decidiu investir seu prestígio e sua credibilidade para ajudar os correligionários. Por conta própria, Clinton se empenhou nas duas últimas semanas em uma corrida por votos para os democratas e, segundo sua assessoria, os eventos dos quais participa têm sido acompanhados por, no mínimo, 2 mil pessoas. Considerado o único presidente das últimas décadas a conseguir equilibrar o orçamento federal, ele se tornou um dos defensores mais ferrenhos da política econômica de Barack Obama, constantemente criticada pelo Partido Republicano, com lucro evidente nas pesquisas de intenção de voto. Enquanto isso, Obama e a primeira-dama, Michelle, correm o país estrelando comícios. ;Os republicanos dizem, desde que Obama tomou posse, que tudo de ruim que aconteceu nos EUA foi culpa dele;, afirmou Clinton, nesta semana, em discurso pela senadora Patty Murray, de Washington. ;Eu gostaria de ver qualquer um de vocês correr atrás de uma locomotiva descendo a montanha a 200 milhas por hora e conseguir pará-la em 10 segundos;, desafiou o ex-presidente. ;Eu já vi esse filme antes, em 1994;, acrescentou Clinton quando discursou na cidade de Everett. ;Eu liguei para o presidente outro dia e disse: ;Relaxe. Eles (os republicanos) não disseram nada sobre você que não tenham dito sobre mim. A única razão para que sejam bons comigo agora é porque não posso concorrer a mais nada.; O ex-líder de 64 anos também defende a reforma da saúde feita por Obama. Em discursos de pelo menos 40 minutos, Clinton alerta que, se o Partido Republicano conseguir a maioria no Congresso, o país vai regredir. Outro foco da ofensiva é mobilizar os jovens a ir às urnas. ;Qualquer estudante universitário no estado da Califórnia que não votar nessas eleições estará prejudicando o próprio futuro;, disse para uma multidão na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA). Diferentemente de Obama, o ex-presidente é convidado para ir a todos os estados, inclusive onde há maioria republicana. Uma pesquisa publicada no último dia 19 pelo Instituto Gallup mostrou que 48% dos eleitores democratas seriam mais facilmente convencidos a votar em um candidato apoiado por Clinton, contra 42% que seguiriam a indicação do atual chefe de Estado. Fora da Casa Branca há 10 anos, Clinton continua lotando os locais onde fala livremente, sem roteiro nem orientação de assessores e congressistas. Até ontem, ele tinha participado de 95 eventos para 65 candidatos. Sua atuação costuma ser rápida: ele chega à cidade, discursa, raramente conversa com os candidatos, ignora a imprensa e volta para o aeroporto. O ex-presidente prioriza os políticos que ajudaram Hillary Clinton em 2008, na corrida pela candidatura à Casa Branca ; em que a ex-primeira-dama foi vencida por Obama. Casal Obama O atual presidente também está numa corrida intensa para participar dos comícios dos candidatos democratas. Ontem, foi ao estado de Nevada ajudar o líder do partido no Senado, Harry Reid, arriscado de não se reeleger após duas décadas no cargo. Em uma das mais apertadas disputas ao Congresso, Reid enfrenta Sharron Angle, da ala republicana mais conservadora, chamada de Tea Party, adversária radical da imigração. Ele esteve ainda na Califórnia para apoiar a senadora Barbara Boxer, cuja adversária é a republicana Carly Fiorina. Hoje, Obama vai a Minneapolis (Minessota) para participar do comício de Mark Dayton, candidato a governador. A primeira-dama, Michelle, foi a eventos ontem nos estados de Connecticut e Nova York. Na véspera das eleições, ela se juntará à mulher do vice-presidente Joe Biden, Jill, para ajudar nas campanhas na Filadélfia (Pensilvânia) e em Los Angeles, onde reforçará o apoio ao senador Reid. Esqueceu o código Em 2000, quando ainda era presidente, Bill Clinton perdeu o cartão que continha os códigos de lançamento de armas nucleares. A revelação foi feita pelo general Hugh Shelton, comandante das Forças Armadas na época, em seu livro de memórias, Without hesitation (;Sem hesitação;). Segundo Shelton, Clinton garantia que o cartão estava ;em algum lugar; na Casa Branca, mas que ;não sabia exatamente; onde. O militar, cujo livro foi lançado nesta semana, não especifica se os códigos foram encontrados. O cartão é um dos itens necessários para lançar um ataque nuclear, mas sozinho não representa ameaças. A Casa Branca não quis comentar o assunto. Obama de olho no eleitor hispânico O eleitorado hispânico é um dos grandes alvos da campanha democrata para as eleições de 2 de novembro nos Estados Unidos. Em mensagem divulgada nas rádios desde ontem, o presidente Barack Obama usou o idioma espanhol ao pedir votos para os candidatos. ;Sou Barack Obama. Preciso de você a meu lado. Ajude-me a defender o que começamos. Em 2 de novembro, faça valer sua voz. Juntos, seguiremos adiante;, diz o chefe de Estado para o grupo de 45 milhões de pessoas ; uma parcela de 15% da população norte-americana. Em 2006, cerca de 5,5 milhões de latino-americanos foram às urnas nas eleições legislativas, número que deve aumentar no pleito deste ano. ;Todas as estatísticas indicam que devemos aumentar nestas eleições. Teremos, no mínimo, 700 mil eleitores hispânicos a mais do que em 2006;, afirmou Janet Murguía, presidenta da organização de direitos civis para os latinos La Raza. Um relatório divulgado recentemente pela ONG Naleo ; que reúne os hispânicos eleitos em nível estadual e local ; calcula que esse eleitorado deve crescer em 1 milhão em relação a 2006. ;Há uma sensação crescente de que não apenas nosso vota conta, mas que também é preciso que os partidos e candidatos respondam a nossas expectativas;, destacou Murguía. Por sua vez, os candidatos mais conservadores vêm atacando os imigrantes ilegais em suas campanhas, fato que preocupa os líderes da comunidade hispânica. Um comercial de TV da candidata republicana de Nevada ao Senado, Sharron Angle, do Tea Party, mostra o rosto de três jovens, carrancudos e com traços latinos, e outras pessoas tentando cruzar uma cerca à noite. A propaganda causou polêmica e Angle pediu desculpas ao visitar uma escola de ensino médio. ;Acredito que vocês interpretaram mal o anúncio que criticava o candidato rival, Harry Reid, por supostamente propor ajuda aos estudantes ilegais. Não acredito que todos vocês sejam hispânicos. Alguns me parecem um pouco mais... asiáticos;, disse Angle aos jovens. O discurso da candidata foi filmado e divulgado pelo site de vídeos YouTube. ;Não vejo anúncios que tentem incluir as pessoas. E, francamente, os democratas permaneceram em silêncio com relação a esse tema;, lamentou Murguía. ;A intolerância e a discriminação não são novas para os latinos, mas o sentimento anti-hispânico do país cresceu nos últimos meses;, advertiu a presidenta da Liga de Cidadãos Latino-Americanos Unidos (Lulac, pela sigla em inglês), Margaret Moran.

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