Agência France-Presse
postado em 23/10/2010 08:57
Bagdá - As autoridades iraquianas afirmaram neste sábado que os documentos secretos americanos sobre diversos casos de tortura e assassinato de civis durante a guerra do Iraque publicados pelo site WikiLeaks "não continham surpresas".
"Os documentos não foram uma surpresa para nós, porque já havíamos mencionado vários dos fatos citados (nesses documentos), incluindo o que ocorreu na prisão de Abu Ghraib, assim como em outros casos nos quais as forças americanas estão envolvidas", declarou à AFP o porta-voz do ministério de Direitos Humanos do Iraque, Kamel al Amim.
[SAIBAMAIS]"Não nos surpreendem as informações que acabam de ser publicadas, este número (de 109 mil vítimas da guerra entre 2003 e 2009), se aproxima do que foi anunciado pelo ministério da Saúde iraquiano", acrescentou.
"Ocorreram muitas mortes e casos de vítimas enterradas sem que seus nomes fossem documentados, o governo de então ainda não tinha o controle da situação", acrescentou.
O porta-voz iraquiano citou diversos exemplos conhecidos do envolvimento das forças americanas ou da ex-empresa de segurança privada dos EUA Blackwater na morte de civis.
Entretanto, recusou-se a responder a uma pergunta da AFP sobre os abusos cometidos pelas forças iraquianas contra prisioneiros, os quais o Exército americano optou por encobrir, segundo informações do WikiLeaks.
Apesar dos protestos dos Estados Unidos, o WikiLeaks divulgou cerca de 400 mil documentos secretos do Exército americano sobre a guerra, onde são mencionados "mais de 300 casos de tortura e violência cometidos pelas forças de coalizão contra prisioneiros", e mais de mil casos de coação por parte das forças iraquianas.
A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, condenou o vazamento de documentos que coloquem em perigo a vida de americanos ou de seus aliados.