Jornal Correio Braziliense

Mundo

Funcionários públicos da Namíbia exigem investigação de fundos de pensão

Maputo ; Funcionários públicos da Namíbia decidiram fazer protestos pouco menos de um mês antes das eleições regionais e locais, marcadas para o dia 26 de novembro.

O objetivo é pressionar o governo a investigar as perdas milionárias registradas por um fundo de pensão. Na última assembleia, parte da categoria pressionou por uma greve geral nos moldes da que ocorreu em agosto na África do Sul. Mais de 1 milhão de funcionários paralisaram seus trabalhos em protesto contra uma proposta do governo de manter os atuais administradores do Instituto Governamental de Fundo de Pensão (Gipf, na sigla em inglês) enquanto é realizada uma auditoria.

As perdas no fundo de pensão, segundo a imprensa, são de mais de US$ 650 milhões (dólares do país) - R$ 150 milhões - entre 1999 e 2007. A maior parte foi investida em projetos privados, sem o devido controle.

A Namíbia é um país de grande território na África Austral, mas que tem pouco mais de 2 milhões de habitantes. Somente tornou-se independente (da África do Sul) em 1990, mas segue muito atrelado a ela economicamente. Rico em minérios, é o quinto maior exportador de urânio do mundo. Também tem reservas de diamantes, zinco, prata e tungstênio. Seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita é bem maior que o de boa parte dos países do continente (US$ 6,6 mil em 2009).

A mineração, porém, emprega somente 4% da força de trabalho. Quase a metade dos habitantes depende da agricultura de subsistência e o percentual de analfabetismo ultrapassava os 85% no começo do século. O índice de desemprego superava 51% em 2008. Dez por cento dos moradores mais ricos detinham mais de 53% das riquezas nacionais. Os dez por cento mais pobres tinham apenas 1,1%.

Pelos parâmetros do Índice de Gini ( medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini), a Namíbia é o país mais desigual do mundo (70,7 em 2003).