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Calderón: EUA também são responsáveis por violência do tráfico no México

Agência France-Presse
postado em 27/10/2010 14:05

LONDRES - Em entrevista à rede BBC exibida nesta quarta-feira (27/10), o presidente mexicano, Felipe Calderón, afirmou que os Estados Unidos são em parte responsáveis pelo problema do narcotráfico e do crime organizado no México.

"Não os culpo por tudo, mas é claro que (os americanos) têm uma parte de responsabilidade nisso, porque representam o mercado dos vendedores de droga e os criminosos", afirmou.

"Você está dizendo que (os EUA) não assumem suas responsabilidades?", perguntou o apresentador do programa Hard Talk, Stephen Sackur. Calderón respondeu: "Sim, nesta questão em particular são". "O problema (do crime organizado) continuará enquanto os Estados Unidos permanecerem sendo o maior consumidor de drogas do mundo", acrescentou o presidente mexicano.

Os Estados Unidos "fornecem armas (aos narcotraficantes) e, claro, precisam fazer muito mais para reduzir o consumo de drogas e conter o fluxo de armas para o México", destacou.

A violência ligada ao narcotráfico e as operações para combatê-lo provocaram mais de 28 mil mortes no México desde dezembro de 2006, quando o governo lançou uma ofensiva contra os cartéis, incluindo a mobilização de 50 mil militares.

Coerência

As preocupações com a política americana em relação às drogas se acentuaram na América Latina, devido ao referendo convocado para o dia 2 de novembro na Califórnia, que pode legalizar o cultivo, o transporte e a venda de maconha no estado.

Os presidentes de México, da Colômbia e de vários países centro-americanos que integram o grupo de Tuxtla pediram na terça-feira em Cartagena (Colômbia) "coerência" aos Estados Unidos na política antidrogas.

A declaração do grupo de Tuxtla destacou que os Estados Unidos "não podem promover a criminalização destas atividades em outros países e, ao mesmo tempo, a legalizaçao aberta ou velada da produção e do consumo de drogas em seu próprio território".

Na entrevista à BBC, Calderón expressou ainda sua preocupação com o que chamou de "sentimento de antimexicanismo e anti-imigração" no sul dos Estados Unidos.

"Os americanos terão eleições (legislativas) no próximo mês, e, se a imigração é um tema central, é absolutamente compreensível que as autoridades tentem ser muito duras (com os imigrantes) para ganhar o voto dos radicais, como o Tea Party e toda essa gente", advertiu.

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