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Califórnia vai às urnas para decidir sobre a legalização da maconha

Agência France-Presse
postado em 01/11/2010 09:58

LOS ANGELES - Os eleitores californianos decidirão no dia 2 de novembro se querem fazer de seu estado um dos territórios mais progressistas do mundo. Eles vão votar a favor ou contra à legalização global do cultivo, o comércio e o consumo da maconha.

Em um estado onde o cultivo e a venda da erva com fins medicinais é legal desde 1996, a Proposta 19 permitirá aos californianos maiores de 21 anos possuir até uma onça (28,35 gramas) de maconha e cultivar uma superfície máxima de 2,34 metros quadrados.

O cultivo em grande escala, a comercialização da maconha e a carga tributária também seriam aprovadas, mas a aplicação ficaria a cargo das cidades e dos condados.

Vanguarda

Esse último dispositivo transformaria a Califórnia na "jurisdição política de vanguarda em termos de legislação da maconha", à frente da Holanda, afirmou Ethan Nadelmann, diretor da Drug Policy Alliance. A associação milita pela descriminalização das drogas.

A "Prop 19", como é conhecida, tem o apoio de políticos, sindicatos e associações de defesa dos direitos civis, além de empresários. Entre eles, está o bilionário George Soros, que na última terça-feira doou um milhão de dólares à campanha a favor da legalização.

Em uma carta aberta, o filantropo repetiu os principais argumentos dos defensores da lei, ao destacar que "regulamentar e aplicar impostos sobre a maconha pode economizar as contribuições de milhões de dólares destinados às forças de segurança e às caras incinerações da droga".


"A lei não vai trazer imediatamente bilhões de dólares e não acabará de vez com os cartéis mexicanos da droga, mas seria um grande passo nesta direção", disse Nadelmann.

No entanto, apesar do apoio, uma pesquisa recente apontou a vitória do "não" (49% contra 44%), após meses de liderança do "sim" nas sondagens. Os opositores ao projeto de lei são numerosos, tanto a nível local como internacional.

Na Califórnia, os principais candidatos aos cargos de governador, senador ou secretário de Justiça são contrários à legalização do consumo e cultivo de maconha.

O procurador-geral dos Estados Unidos, Eric Holder, já advertiu que pretende considerar todas as opções jurídicas e políticas para recorrer no caso de aprovação do texto.

Muitas vozes também se manifestaram contra o projeto além das fronteiras da Califórnia. Na úlima terça-feira, autoridades de 10 países da América Latina manifestaram em uma reunião na Colômbia preocupação com a lei, ao apontar que os Estados Unidos não podem ao mesmo tempo "promover a criminalização de tais atividades em outros países e permitir a legalização da produção de drogas, aberta ou veladamente, em seu território".

De acordo com estatísticas federais, quase 7% dos 37 milhões de californianos fumam maconha pelo menos uma vez por mês.

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