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Sakineh não é executada e Irã acusa Ocidente de usar o caso para pressionar

Agência France-Presse
postado em 03/11/2010 15:00
TEERÃ - O Comitê Internacional contra o Apedrejamento informou que iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, não foi executada nesta quarta-feira, conforme temia a comunidade internacional, o que levou Teerã a afirmar que o Ocidente utiliza esse caso de para pressionar o Irã.

"Sakineh Mohammadi Ashtiani não foi executada hoje (quarta-feira). Neste momento já passou o horário das execuções, portanto não será hoje. Mas o risco continua, e pode acontecer a qualquer momento", declarou à AFP Mina Ahadi, porta-voz do Comitê Internacional contra o Apedrejamento, que tem sede na Alemanha, e que disse ter recebido informações do próprio comitê no Irã. "Os ocidentais são tão insolentes que transformaram o caso de Sakineh Mohammadi Ashtiani, que cometeu crimes, em um caso de direitos humanos", declarou , afirmou, por sua vez, Ramin Mehmanparast, porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano.

"Fizeram do caso um símbolo da liberdade da mulher nos países ocidentais e o fizeram com insolência. Pedem a libertação dela. Tentam utilizar um caso simples como meio de pressão contra o Irã", completou o porta-voz.

Posteriormente, Malek Ajdar Sharifi, titular da justiça local, anunciou que Sakineh se encontra em perfeito estado de saúde e seu processo segue o curso, conforme citado pela agência oficial Irna. "Ela está em perfeito estado de saúde e se encontra na prisão de Tabriz", declarou Sharifi.

"Ao mesmo tempo, seu processo segue seu curso em nível dos tribunais da província", acrescentou.

Igualmente acusou "a mídia ocidental hostil de querer criar um clima envenenado contra a República Islâmica do Irã", ao publicar informações como a execução iminente de Sakineh.

Várias organizações de apoio a Sakineh manifestaram na terça-feira na França o temor de que ela fosse executada nesta quarta-feira. "Sakineh Mohammadi Ashtiani aparentemente está ameaçada de ser executada amanhã, quarta-feira, 3 de novembro", informou um comunicado da revista francesa La r;gle du Jeu, dirigida pelo filósofo Bernard-Henri Lévy.

"Uma carta da Suprema Corte de Teerã foi enviada ao escritório de aplicação das penas na penitenciária de Tabriz autorizando a execução rápida de Sakineh. As execuções acontecem na quarta-feira, assim estamos terrivelmente preocupados por Sakiney hoje", completa o texto.

Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43 anos, foi condenada em 2006 a 10 anos de prisão pela acusação de cumplicidade no assassinato do marido e ao apedrejamento até a morte por várias acusações de adultério, segundo as autoridades iranianas.

A condenação provocou uma enorme campanha internacional para evitar a aplicação da pena, assim como vários questionamentos aos julgamentos.

A preocupação da La R;gle du Jeu era compartilhada fundamentalmente pela Liga do Direito Internacional das Mulheres.

Sihem Habchi, da associação de defesa dos direitos das mulheres "Nem Putas Nem Submissas", ligou para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, "a tomar posição, coisa que ainda não fez".

Várias associações realizaram atos de protestos na tarde da terça-feira diante da embaixada do Irã em Paris para exigir a libertação de Sakineh.

Em julho, o governo do Irã anunciou que a condenação à morte por apedrejamento, confirmada em 2007 em apelação, estava suspensa e que o caso seria reexaminado.

A comunidade internacional questiona as condenações e uma campanha em todo o mundo tenta salvar a iraniana.

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