Agência France-Presse
postado em 05/11/2010 14:22
Akhurwall - Pelo menos 64 fiéis morreram e mais de 100 ficaram feridos nesta sexta-feira (5/11) em dois atentados contra mesquitas no noroeste do Paquistão - um deles suicida, com 61 mortos.Ataques de talibãs aliados da Al-Qaeda já deixaram 3,8 mil mortos no país, em três anos.
Em Akhurwall, perto de Peshawar, maior cidade da região noroeste, um terrorista suicida entrou pelos fundos da mesquita, fazendo explodir a bomba que carregava junto ao corpo em meio aos fiéis, reunidos para a grande oração de sexta-feira, relatou à AFP Khalid Umarzai, alto funcionário da administração local. Entre os mortos há 11 crianças. "O teto principal desabou e muita gente ficou presa entre os escombros", explicou.
O atentado desta sexta-feira foi cometido no distrito de Darra Adam Jel, onde uma operação militar estava em curso contra insurgentes extremistas.
Akhurwall é o povoado onde nasceu o líder Wali Mohammad que, em 2007, criou uma milícia tribal para combater os talibãs.
A casa de Wali Mohammad, contígua à mesquita, ficou parcialmente destruída.
"Não somos responsáveis por este ataque", afirmou, por telefone à AFP, Azam Tariq, porta-voz dos talibãs paquistaneses. Segundo Azam Tariq, seus homens "nunca atacam os civis".
O atentado deixou 61 mortos e 104 feridos, segundo os números fornecidos à AFP pelo governo local.
A mesquita foi reduzida a ruínas, tendo restado apenas uma única parede de pé.
O segundo ataque teve como alvo uma mesquita de Suleman Khel, uma aldeia situada a 15km da anterior. Pelo menos quatro granadas foram lançadas contra o centro religioso, causando a morte de três pessoas e ferindo 14, informou à AFP Hameed Afridi, administrador da mesquita.
Desde 2007, o Paquistão já contabiliza mais de 400 atentados e ataques, a maioria cometida por terroristas suicidas ligados aos talibãs, à Al-Qaeda e a grupos armados aliados. O saldo macabro é de quase quatro mil mortos.
Geralmente, os camicazes atacam prédios do governo e das forças de segurança, mas nos últimos meses houve um número grande de atentados contra alvos civis, incluindo mesquitas de correntes minoritárias do islã, como os xiitas e os sufis, considerados hereges pelos talibãs, sunitas radicais.
Em 2 de julho, um duplo atentado suicida deixou 42 mortos no mausoléu de um santo sufi repleto de peregrinos em Lahore. Da mesma forma, em 7 de outubro nove pessoas morreram num duplo atentado suicida no mausoléu sufi de Karachi, no sul.
Os talibãs, aliados da organização Al-Qaeda, decretaram em 2007 uma jihad (guerra santa) contra Islamabad pelo apoio à "guerra contra o terrorismo" de Washington.
As zonas tribais do noroeste do país, fronteiriças do Afeganistão, constituem seu principal santuário, assim como a base de retaguarda dos talibãs afegãos.
Os aviões teleguiados da Agência Central de Inteligência americana (CIA) disparam mísseis na zona quase diariamente para tentar acabar com os dirigentes da rede de Osama Bin Laden e dos talibãs afegãos e paquistaneses.