Agência France-Presse
postado em 10/11/2010 17:12
New York - Irã e Arábia Saudita, dois candidatos polêmicos apresentaram-se para a composição da nova agência que as Nações Unidas quer criar, destinada à questão feminina, a "ONU Mulheres", que terá os 41 países membros eleitos nesta quarta-feira (10/11) em Nova York.A Arábia Saudita quer garantir um dos dois assentos reservados aos novos Estados doadores durante a eleição dos 41membros do Conselho da Administração deste órgão criado para acelerar a melhoria das condições e dos direitos das mulheres no mundo, instaurado em julho passado.
Já o Irã é um dos onze Estados que disputam entre si por dez assentos reservados aos países asiáticos do Conselho. Até a semana passada, Teerã estava garantido já que apenas dez países haviam se candidatado. Mas o Timor Leste entrou na competição. Ainda assim, as chances do Irã são grandes.
Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz, classificou nessa terça-feira essas eleições de uma "piada". "Acho que um conselho, formado desta maneira, não irá a lugar nenhum", advertiu. "Como um país que não ratificou a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres pode estar presente no conselho, ser membro e falar de direitos das mulheres?", perguntou.
Na Arábia Saudita, as mulheres não têm o direito de dirigir um carro e não podem tomar decisões importantes da vida cotidiana sem a permissão de um parente homem.
A ex-presidente do Chile Michele Bachelet, socialista moderada conhecida pelo carisma político, foi nomeada em meados de setembro para a liderança da ONU Mulheres.
A última Assembleia Geral da ONU, da qual participaram os 192 países membros, votou por unanimidade uma resolução para a criação da "entidade pela igualdade dos sexos e autonomia das mulheres".
A ONU Mulheres, que deve começar a funcionar em 1; de janeiro de 2011, reúne as atividades de inúmeros órgãos já existentes que tratavam dos direitos das mulheres.
Assim, a Divisão pelo Avanço das Mulheres (DAW), fundada em 1946, o Instituto Internacional de Pesquisa e Formação para o Avanço das Mulheres (Instraw, 1976), o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para Mulheres (Unifem, 1976) e o Escritório do Conselheiro Especial pela Paridade dos Sexos e pela Promoção das Mulheres (Osagi, 1997) vão se fundir na nova entidade.