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Coalizão entre laicos e sunitas recusa partilha do poder

postado em 13/11/2010 10:28
Menos de 24 horas depois de anunciado, o acordo para a formação do novo governo do Iraque estava por um fio até a noite de ontem, enquanto políticos locais e diplomatas entravam pela madrugada em negociações para salvar o delicado acerto. O Parlamento eleito em março ; o resultado oficial demorou dois meses para ser anunciado ; foi convocado para reunir-se hoje e referendar o novo gabinete, que deveria ser chefiado pelo atual primeiro-ministro, o xiita Nuri Al-Maliki. Mas o impasse poderá se prolongar se não for possível dobrar a resistência do ex-premiê Iyad Allawi, também xiita, mas de orientação laica, e por isso apoiado pela minoria sunita.

;Não vamos nos prestar ao papel de fantoches em um governo que não respeita a vontade do povo;, protestou Allawi, depois de ter abandonado as negociações. Políticos iraquianos, diplomatas americanos e enviados da Liga Árabe desdobravam-se em gestões para resgatar o acordo, que ontem mesmo tinha sido celebrado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em Seul, onde participava da cúpula do G-20, Obama classificou a formação do novo governo como ;um passo importante na história moderna do Iraque;. O presidente, que depende da estabilização política do país para concluir a retirada das tropas americanas até o fim de 2011, chegou a dizer que o acordo produziu um gabinete ;representativo, inclusivo e que reflete a vontade dos iraquianos;.

A coalizão de Allawi, que conta com a simpatia declarada dos Estados Unidos, foi declarada vencedora do pleito de março, com a maior das bancadas no novo Parlamento, porém distante da maioria absoluta. Ainda assim, o ex-premiê abriu mão da exigência de chefiar o novo gabinete em troca de duas concessões consideradas as chaves para o acerto: o próprio Allawi assumiria um ;conselho político; com poderes vagamente definidos, e um político sunita ficaria com a Presidência do Parlamento. Al-Maliki, como representante da comunidade religiosa majoritária, conservaria o cargo, assim como o presidente da República, Jalal Talabani, em nome da minoria étnica curda.

Xiitas e curdos, subjugados historicamente pela minoria sunita e duramente perseguidos sob a ditadura de Saddam Hussein (1979-2003), tomaram as rédeas do sistema político após a invasão americana e a queda do ditador. O frágil equilíbrio de poder se manteve graças a acordos tácitos entre Estados Unidos e Irã, que, embora rivais, compartilham o interesse na estabilidade do Iraque, por razões distintas. A permanência de Al-Maliki no poder, porém, foi interpretada pela maior parte dos analistas como mais um êxito de Teerã em sua campanha para ampliar progressivamente a influência no país vizinho.

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