Agência France-Presse
postado em 18/11/2010 14:38
CABUL - Cerca de 30 ONGs que trabalham no Afeganistão solicitaram nesta sexta-feira, dos países da Otan, "medidas urgentes" para melhor proteger os civis, apontando, principalmente, os abusos cometidos pelas forças afegãs treinadas pela aliança.O apelo ocorre no dia da abertura, em Lisboa, de uma conferência de países da Otan destinada em grande parte ao Afeganistão, e, em particular, ao calendário de transição ao longo do qual eles devem transferir a responsabilidade da segurança do país ao exército e à polícia local.
No comunicado, essas 29 organizações humanitárias, incluindo Oxfam, Afghanaid e a Comissão Afegã dos Direitos Humanos, "cobram da Otan o posicionamento de proteção aos civis na estratégia de transição".
"Os civis estão sendo feridos e mortos como nunca antes e a segurança do Afeganistão é mais instável do que ao longo dos últimos nove anos", destacaram as ONGs, temendo que "a violência continue a crescer em 2011", se "medidas urgentes não forem tomadas agora".
As organizações pedem que a Otan melhore a formação e o acompanhamento das forças de segurança afegãs "durante o período de transição", que deve, a princípio, terminar no fim de 2014, segundo a comunidade internacional.
Em uma carta enviada aos líderes da Otan, a organização de defesa dos Direitos Humanos Anistia Internacional também pediu um maior controle do comportamento das forças afegãs, como também das internacionais, no território, denunciando, principalmente, "as prisões arbitrárias e a tortura".
"No momento em que a Otan começa a discutir sua retirada do Afeganistão, é essencial explicar ao povo afegão como a comunidade internacional vai manter suas promessas em matéria de respeito aos Direitos Humanos", enfatizou em um comunicado o diretor da Anistia na Ásia, Sam Zarifi.
As forças de segurança afegãs são acusadas de múltiplos abusos de civis e "há um grande risco" de que elas "cometam atos de violência generalizados, indo de roubo e extorsão à tortura e assassinatos indiscriminados", pontuou Ashley Jackson, uma dirigente da Oxfam no Afeganistão.