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Otan evitará citar o Irã como ameaça nuclear em troca de apoio turco

Agência France-Presse
postado em 18/11/2010 19:44
Lisboa - A Otan não mencionará publicamente o Irã como uma ameaça nuclear em sua reunião cúpula de sexta-feira (19/11) e sábado, em Lisboa, para conquistar o apoio da Turquia - cuidadosa em manter boas relações com o vizinho -, para seu projeto de criar um sistema de defesa antimísseis na Europa.

A Aliança Atlântica prevê aprovar, durante a cúpula, a criação de um sistema antimísseis que protegerá o território e a população civil europeia de um eventual ataque de mísseis, ao considerar que a ameaça é "clara", segundo o secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen.

Mas a Turquia, integrante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), se negou a justificar a necessidade deste escudo antimísseis com a citação expressa da ameaça que o programa nuclear iraniano representa para muitos de seus parceiros da organização, informaram fontes oficiais.

Alguns aliados "queriam que se nomeassem países, regiões, com a finalidade de ser mais claros", disseram fontes diplomáticas americanas. Mas "outros não se sentiram confortáveis citando seus vizinhos", acrescentaram, em alusão a Irã e Turquia.

Ancara se opõem à mão dura aplicada por muitos de seus aliados sobre o programa nuclear iraniano, rejeitando as sanções decididas no Conselho de Segurança da ONU, e negociando com o Brasil, em maio, um intercâmbio de combustível nuclear com Teerã.

"Não queremos distinguir nenhum país em particular" como ameaça nuclear, confirmou Rasmussen, lembrando que 30 países não aliados têm ou aspiram ter mísseis nucleares capazes de alcançar um membro da Otan.

Fontes diplomáticas francesas confirmaram que o Irã não constará do documento final que será adotado durante a cúpula de 28 membros da organização, embora não tenham especificado o motivo da omissão.

Identificar os iranianos como uma ameaça nuclear está "errado e não acontecerá", prometeu recentemente o presidente turco, Abdullah Gul.

Os aliados continuavam discutindo na quinta-feira sobre a possibilidade de elaborar uma lista de países suscetíveis de representar risco em um relatório anexo, porém confindencial, informaram fontes diplomáticas.

O projeto que a Aliança Atlântica prevê aprovar na sexta-feira, em Lisboa, consiste em contectar os sistemas antimísseis europeus e americanos no Velho Continente e ampliar sua cobertura, atualmente limitada às zonas militares. O custo seria inferior a 200 milhões de euros nos próximos dez anos.

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