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Manifestação contra a cúpula da Otan toma conta de Lisboa

Agência France-Presse
postado em 19/11/2010 15:44
Lisboa - Uma "anticúpula" pacifista começou nesta sexta-feira (19/11), em Lisboa, à margem da reunião oficial da Otan, na qual não puderam participar dezenas de militantes aos quais as autoridades impediram entrar em Portugal por razões de segurança.

No total, "mais de 150 militantes pacifistas não puderam se unir a nós, porque foram bloqueados nas fronteiras portuguesas", denunciou o porta-voz da Coordenação Internacional anti-Otan, Reiner Braun.

Em uma manhã chuvosa, apenas cinquenta ativistas alemães, belgas, espanhóis, franceses ou britânicos se deslocaram ao liceu Camões, um prestigiado centro da capital portuguesa, onde estudou, entre outros, o atual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.

No programa previsto até domingo, há conferências e "oficinas" sobre a nova estratégia da Otan, seu arsenal nuclear, suas relações com a Rússia ou a situação no Afeganistão, assuntos que - se espera - discutam os dirigentes da Aliança Atlântica no Parque das Nações, a oito quilômetros dali.

Contrastando com o imponente dispositivo de segurança mobilizado em torno da cúpula, nenhum policial era visível no recinto ou nos arredores do liceu, nem mesmo nas ruas adjacentes.

"As pessoas chegarão durante o dia e acabaremos reunindo as 300 pessoas previstas", afirmava neste meio-dia o ativista alemão Rainer Braun, que não quis vincular a escassa mobilização a uma possível repulsa aos distúrbios registrados na cúpula anterior da Otan, em Estrasburgo (França).

"Não é tão fácil viajar a Portugal e, por outro lado, o 60; aniversário da Otan dava à cúpula do ano passado uma importância particular", explicou à AFP.

Entre os poucos portugueses que participaram da anticúpula, Vitor Lima considera que "o espírito de obediência é muito grande em Portugal".

"Não temos nenhum apoio político ou financeiro, contudo conseguimos marcar a agenda midiática", comemorou.

Na véspera, diante de uma massa de jornalistas, um grupo de ativistas estrangeiros organizou uma "sessão de treinamento em ações de desobediência civil" em plena rua. Nesta sexta-feira, os jornalistas esperavam, algo impacientes, o começo das "ações" prometidas.

Procedente da Galícia (noroeste da Espanha), Paulo Fernández não teve problemas em entrar em Portugal. Mas, "por culpa do impressionante dispositivo na fronteira", demonstrou inquietação pelos quarenta colegas que, segundo previsões, devem chegar a Lisboa de ônibus para participar de uma grande manifestação no sábado.

Estar Carter, que chegou da Irlanda de avião, tirou da mochila uma imensa bandeira com as cores do arco-íris, emendada em uma bandeira palestina, que os ativistas jovens colocam nos estandes onde vendem camisetas anti-Otan, livros e cartões postais.

Militante pacifista "desde a guerra do Vietnã", a mulher de 80 anos explica que veio a Lisboa para se reunir "com colegas internacionais e demonstrar sua repugnância para com esta máquina de guerra chamada Otan".

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