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Líderes concordam em entregar a segurança pública ao Afeganistão até 2014

postado em 21/11/2010 08:50
Os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) resolveram acatar o prazo sugerido pelo presidente afegão, Hamid Karzai, e anunciaram ao fim da cúpula do organismo em Lisboa: entregarão a segurança do país às forças locais até o fim de 2014. O repasse gradual da responsabilidade será iniciado já no próximo ano, quando muitos dos países também querem começar a retirar suas tropas do Afeganistão. Apesar do aparente consenso, fontes do governo americano destacaram que os Estados Unidos não se comprometeram em encerrar completamente sua missão no país até a data estipulada. Enquanto Karzai comemorou a decisão da Aliança Atlântica, o Talibã afirmou, logo após o anúncio, que a Otan está condenada a fracassar no Afeganistão.

À frente dos chefes de Estado e de governo dos 28 países-membros e do presidente afegão, o secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, disse que não espera ver as tropas da Otan em combate contra a insurgência depois do prazo de quatro anos. ;Iniciamos o processo para que os afegãos recuperem o controle em sua própria casa;, afirmou. A ideia é que, nesse período, as tropas da Otan ajudem a reforçar as forças de segurança locais. Rasmussen, no entanto, deixou uma brecha no prazo ao assumir que os países da aliança ficarão em solo afegão ;o tempo que for preciso para finalizar o trabalho;. A expectativa é que duas ou três das 34 províncias do país sejam entregues ao governo afegão até junho de 2011. Entre as mais cotadas para serem as primeiras, estão as relativamente calmas Panjshir, Bamiyan e Parwan, todas elas localizadas ao norte de Cabul.

Em uma entrevista coletiva em Lisboa, após a cúpula e o encontro reservado com o colega afegão, o presidente americano, Barack Obama, admitiu que é ;bem possível; que os Estados Unidos precisem manter uma ;capacidade contraterrorista; no país depois de 2014. E, ao destacar que é difícil prever quais serão as ações necessárias no Afeganistão dentro de quatro anos, afirmou que terá que definir isso ;quando a hora chegar; ; sugerindo que pode ser reeleito.

Objetivo
Diante das especulações de que Washington e os outros países da Otan, na verdade, não chegaram a um acordo real sobre o prazo, Obama fez questão de ressaltar que está ;unido; à aliança no propósito de ajudar o Afeganistão a assumir o controle da segurança até 2014. ;Estamos alcançando nosso objetivo de romper o ímpeto dos talibãs;, afirmou. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, que sempre foi mais claro sobre a necessidade de prazos claros para a retirada completa das tropas do Afeganistão, assegurou: a partir de 2015, não haverá mais militares britânicos em solo afegão.

Karzai, que participou da cúpula em Lisboa, disse acreditar que a transferência da segurança às autoridades de seu país ;terá êxito;, e se mostrou ciente ;da necessidade de diálogo; para pôr fim ao conflito com o talibã. Ele garantiu, inclusive, que já há avanços nessa questão. Do lado talibã, contudo, a reação mais uma vez foi a ameaça. ;Está claro que depois de nove anos de ocupação, os invasores estão condenados ao mesmo destino daqueles que seguiram o mesmo caminho antes;, disse o grupo em um comunicado.

Após a cúpula interna da Otan, foi a vez de os membros da aliança se encontrarem com o governo russo, pela primeira vez depois da guerra da Geórgia, em 2008. E o resultado da reunião foi positivo, em especial para os EUA, que conseguiram que Moscou concordasse em cooperar com o projeto de um escudo antimísseis para proteger a Europa. Segundo o presidente russo, Dimitri Medvedev, o encontro marcou o fim de ;relações tensas; entre seu país e a Otan. ;Temos planos ambiciosos, trabalharemos em todas as questões, incluindo a defesa antimísseis europeia;, afirmou Medvedev.

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