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Prisão sem efeito para soldados israelenses que usaram menino como escudo

Agência France-Presse
postado em 21/11/2010 11:07
Dois soldados israelenses, considerados culpados do uso de um menino palestino como "escudo humano" durante o ataque contra a Faixa de Gaza em janeiro de 2009, foram rebaixados e condenados a uma pena de prisão sem efeito, informou a rádio militar.

Segundo a emissora, o tribunal militar condenou cada um dos soldados a três meses de prisão com sursis e os rebaixou da patente de primeiro sargento para sargento.

No dia 3 de outubro, os militares foram considerados culpados de abuso de poder ao colocar em risco a vida do próximo e de conduta em desacordo com as regras do Exército por terem obrigado um menino de nove anos a abrir sacos pertencentes "suspeitos palestinos", nos quais pensavam que poderiam estar explosivos.

A prática foi formalmente proibida pela Suprema Corte, o principal tribunal de Israel, que considerou o fato correspondente à utilização de um civil como escudo humano.

"Tive muito medo, tanto que fiz xixi na calça", afirmou Madj R. em um depoimento concedido à organização Defence for Children International, que tem sede em Genebra.

Mas o tribunal militar considerou que o incidente aconteceu em janeiro de 2009, em um momento no qual as forças israelenses estavam em posição "difícil e perigosa", e que eles haviam passado várias noites sem dormir.

No fim de dezembro de 2008, Israel iniciou um ataque que durou 22 dias contra a Faixa de Gaza, com o pretexto de deter os disparos de foguetes de fabricação caseira contra seu território a partir desta região.

Durante o ataque, as tropas israelenses mataram 1.400 pessoas, em sua maioria civis.

Uma investigação da ONU, coordenada pelo juiz sul-africano Richard Goldstone, acusou Israel e o grupo radical palestino Hamas de terem cometido crimes de guerra durante o conflito.

O juiz recomendou um recurso à Corte Penal Internacional se o Estado hebreu não organizar uma investigação digna de crédito.

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