Agência France-Presse
postado em 21/11/2010 19:13
Porto Príncipe - A epidemia de cólera no Haiti deixa 1.250 mortos desde seu início, na metade de outubro, ou seja, mais 64 em relação ao informe anterior, de sexta-feira, informou o ministério da Saúde haitiano neste domingo.
O Haiti está a uma semana da eleição de 28 de novembro, para a qual há 19 candidatos, quatro dos quais pediram o adiamento devido à crise.
Além dos 1.250 mortos, o número de internações é de 20.687, e há 52.715 casos de contágio registrados, segundo a informação oficial, mas para o médico francês Gerard Chevalier, que trabalha com o ministério da Saúde haitiano, os números oficiais "subestimam" a quantidade real.
"Os relatórios são imperfeitos. Existem áreas onde as pessoas estão morrendo e ninguém sabe", disse o médico francês, que trabalha com o epidemiologista haitiano Piarroux Renaud na evolução da doença.
Chevallier advertiu que o país precisa de se concentrar em tentar deter a propagação do cólera, uma doença que foi erradicada no Haiti por um século, até reaparecer há um mês, na metade de outubro, quando foram detectados os primeiros casos.
"O número de focos de contágio aumenta e os focos que apareceram há um mês ainda não se extinguiram. Havia cerca de 20 focos no início do cólera, e agora há uns cinquenta em uma centena de comunidades afetadas", disse.
O especialista, que assessora as autoridades haitianas, explicou que "o comportamento da epidemia é raro", com contágios que ocorrem de forma "rápida e grave".
"Não é todo o país que está afetado, mas a epidemia irá se estender", advertiu Chevallier.
Milhares de haitianos vivem em campos de refugiados em péssimas condições sanitárias, após o terremoto de janeiro, que deixou cerca de 1,3 milhão de desabrigados.
Os esforços para conter a doença têm sido prejudicados nos últimos dias pelos confrontos entre manifestantes e as tropas da ONU, acusadas de levar a cólera para o país.