Agência France-Presse
postado em 22/11/2010 11:53
Manila - A posição do Papa Bento XVI, que admitiu o uso do preservativo em certos casos, provocou um vivo debate nas Filipinas, o maior país católico da Ásia, onde a Igreja e o governo divergem sobre a questão dos métodos anticoncepcionais.Em um livro que será lançado nesta terça-feira na Alemanha e na Itália, Bento XVI, de 83 anos, afirma que o uso de preservativos é aceitável "em certos casos", especialmente para reduzir o risco de infecção do HIV, mas insiste que não é a "verdadeira" maneira para combater a Aids, já que para ele é necessária uma "humanização da sexualidade".
Os comentários do Papa tomaram conta das manchetes dos jornais filipinos, em um país cujo presidente, Benigno Aquino, anunciou recentemente que o governo financiará a contracepção para os casais mais pobres, apesar da forte oposição da Igreja.[SAIBAMAIS]
Para o presidente Aquino, a posição do Papa deverá contribuir para convencer a Igreja a aceitar o seu projeto.
"Nosso clero não pode ser mais papista que o Papa", declarou o porta-voz do presidente, Ricky Carandang.
Mas a Igreja filipina considerou a interpretação dos comentários do Papa exagerada. "Os últimos comentários do Santo Padre sobre a utilização do preservativo não mudam em nada a posição da Igreja sobre a contracepção artificial", declarou o monsenhor Juanito Figura, secretário-geral da Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas.
"O Santo Padre não fala do preservativo no contexto do controle da população", enfatizou.
O Vaticano também ressaltou o "caráter excepcional" do uso da camisinha nas declarações feitas pelo Papa e insistiu que o uso do preservativo é justificado apenas "em alguns casos" e não constitui uma solução ao problema.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, declarou que o pontífice falou a respeito de uma "situação excepcional". "O Papa considerou uma situação excepcional na qual o exercício da sexualidade é um perigo real para a vida do outro", afirma Lombardi em um comunicado.