postado em 24/11/2010 16:58
Maputo (Moçambique) ; As eleições no Sudão e o plebiscito sobre a separação da parte sul, rica em petróleo, do restante do país, que ocorrerão em 45 dias, ainda não dão sinais de terem tomado as ruas da capital, Cartum. ;Nas ruas, não há grandes manifestações, mas existem cartazes com indicações para quem quer se recensear para votação;, diz o senador Eduardo Suplicy (PT/SP), que esteve no Sudão para fazer palestras em defesa da renda básica de cidadania.No entanto, a consulta popular está marcada para 9 de janeiro do ano que vem, para definir se o Sudão, país com maior território da África, será ou não dividido em dois. O referendo é uma exigência da região sul do país que quer a independência. Faz parte do acordo de paz de 2005, que pôs fim a uma guerra civil de 23 anos, que matou mais de 1,5 milhão de sudaneses.
;Fui recebido no palácio do governo por assessores próximos do presidente (Omar Al) Bashir, que disse que o governo vai respeitar o resultado do referendo, que é considerado normal e democrático, porque faz parte do acordo de paz;, afirmou o senador que disse que os sudaneses estão empenhados em demonstrar que a unidade do país.
Nessa terça-feira (23/11), o presidente Omar Al Bashir e o líder sulista do Movimento de Libertação do Povo do Sudão (SPLM), Salva Kiir, reafirmaram o compromisso de respeitar o resultado da consulta.
Os dois estiveram em Adis Abeba, na Etiópia, para um encontro do Inter Government Agency for Development (IGAD), mediado pelo primeiro ministro anfitrião, Meles Zenawi. O IGAD parabenizou os dois lados por buscar o consenso. Ao mesmo tempo, convocou as lideranças a chegarem à próxima rodada de negociação com o ;espírito de compromisso; para garantir os direitos dos cidadãos.
O encontrou terminou sem novos acordos sobre definição de fronteiras ou do destino de Abyei, região produtora de petróleo que fica na divisa norte-sul. Porém, ambos concordaram em continuar as discussões.
De acordo com a agência estatal de notícias do Sudão, o presidente Bashir afirmou que ;não se voltará à guerra; e que o governo trabalhará para fortalecer as relações com o sul mesmo que a decisão seja pela separação.
No fim da semana passada, integrantes do partido do governo voltaram a dizer que poderiam não reconhecer o resultado da votação de janeiro. O Partido do Congresso Nacional (NCP), do presidente Bashir, acusou o SPLM de pressionar os sulistas que moram na capital, Cartum, a não se registrar para votar.
Uma reclamação formal foi feita à Comissão Eleitoral, que também lista outras ;irregularidades;, como atrasos deliberados no registro e fechamento de locais antes da hora prevista.
Já a SPLM acusou o NCP de fazer pressão em favor da unidade, coletando telefones e dados pessoais dos eleitores. O partido alega que muitos sulistas preferiram viajar para a região de origem para evitar o que chama de ;intimidação;.
O registro dos eleitores começou em 15 de novembro e vai até o dia 31. Na capital, os centros têm pouca procura, segundo a imprensa local. No sul, a procura é maior.