Agência France-Presse
postado em 26/11/2010 11:34
Suva (Ilhas Fiji) - Três adolescentes das ilhas de Tokelau (Nova Zelândia), no Pacífico Sul, foram resgatados depois de passar 61 dias perdidos em alto mar, sobreviveram bebendo água da chuva e comendo carne de gaivota, relataram nesta sexta-feira os marinheiros que os salvaram.O resgate - feito por tripulantes de um barco pesqueiro no momento da formação de um ciclone após dois meses à deriva - foi anunciado nesta quinta-feira.
Tokelau, um ponto isolado da Polinésia, é um arquipélago formado por três atóis tropicais em uma superfície de 10 quilômetros quadrados.
Os três adolescentes, de idades entre 14 e 15 anos, chegaram nesta sexta às ilhas Fiji, a 1.420 km de onde partiram. Tai Fredricsen, um dos marinheiros do San Nikunau, disse que os rapazes não teriam sobrevivido por muito mais tempo.
Enfraquecidos, mas em bom estado de saúde, os náufragos acabaram bebendo água do mar quando a chuva parou, segundo Fredricsen.
Sua odisseia, que começou nos primeiros dias de outubro, durou 61 dias, indicou o chefe da Marinha de Fiji, almirante Francis Kean. "É um milagre, um milagre", declarou emocionado Tanu Filo, o pai de um dos jovens, Filo Filo, 15 anos.
"Todos os habitantes da aldeia, todos estavam muito alegres, choravam, cantavam, se abraçavam. Todos gritaram", disse Tanu Filo.
Filo Filo e os amigos Samuel Pérez, 15 anos, e Edward Nasau, 14 anos, foram dados por desaparecidos no início de outubro, quando entraram no mar em uma pequena embarcação de alumínio.
As buscas já haviam sido encerradas e os três eram considerados mortos. Fredricsen, que estava na proa do barco, avistou os três adolescentes na quarta-feira.
"Foi um milagre ter me encontrado com eles. Aproximei o barco o máximo que pude e lhes perguntei se precisavam de ajuda. Eles responderam "sim, muito". Estavam felizes por nos ver", contou.
"Estavam muito fracos, mas relativamente saudáveis, se pensarmos no que passaram. Havia cocos em seu barco, mas nada de água. Não sei como conseguiram caçar um pássaro".
"Eles sofreram uma desidratação severa, e, como se pode ver, não conseguem ficar de pé, estão muito debilitados. É ainda muito cedo para que comam algo sólido, seus organismos estão rejeitando os alimentos. Dou graças a Deus por tê-los salvado", disse o marinheiro.